Águia-pesqueira. Foto: NASA

Censo da águia-pesqueira adiado para 16 de Janeiro

Há muito que os apaixonados por natureza tinham marcado nas agendas o dia 9 de Janeiro para o censo da águia-pesqueira. No entanto, a previsão de chuva e vento obrigaram a adiar as contagens para o sábado seguinte, dia 16.

 

Mais de 90 pessoas estavam preparadas para passarem amanhã um dia no campo à procura das águias-pesqueiras (Pandion haliaetus) que invernam em Portugal, vindas do Norte da Europa. O tempo instável, em que as aves não se deixam observar tão bem, obrigou estes naturalistas a esperar mais uma semana.

Esta contagem é uma iniciativa de cidadãos que querem saber quantas águias-pesqueiras invernam em Portugal. O primeiro censo aconteceu a 24 de Janeiro de 2015. Esse sábado esteve solarengo, o que facilitou o trabalho aos 135 voluntários que contaram entre 71 e 81 águias nos estuários, lagoas e albufeiras do país.

Este ano há novidades. Para começar, o censo de 2015 inspirou os ornitólogos espanhóis da Associação Amigos del Águila Pescadora, dependente da Fundácion Migres. Estes decidiram juntar-se às contagens e organizaram dois dias de censos na Andaluzia: a 19 de Dezembro de 2015 e outro em Janeiro, para coincidir com o português. Segundo contou à Wilder Carlos Torralvo, daquela associação, a 19 de Dezembro mais de 100 pessoas de 10 associações conservacionistas contaram cerca de 130 águias-pesqueiras. Para o censo em Janeiro deverão participar as mesmas pessoas.

Além desta novidade, há outras. Desta vez os locais de observação foram divididos por prioridades (1 e 2). “Identificámos sete locais prioritários: ria de Aveiro, estuários do Mondego, do Tejo e do Sado, rio Tejo a montante do estuário, albufeira de Alqueva e ria Formosa”, indicou antes à Wilder Gonçalo Elias, um dos coordenadores do censo.

E este ano vai haver contagens feitas a partir de pequenas embarcações nos rios e albufeiras, até para tentar descobrir novos locais de invernada que não foram detectados no ano passado.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Se está interessado em participar na segunda edição do Dia da Águia-Pesqueira, pode visitar o fórum que lhe está associado e enviar uma mensagem aos organizadores.

Aqui ficam algumas características da águia-pesqueira, disponibilizadas por Gonçalo Elias, que o podem ajudar a reconhecer esta ave:

Nome científico: Pandion haliaetus

Comprimento: 52 – 60 centímetros

Envergadura da asa: 152 – 167 centímetros

Características que a distinguem das outras rapinas: Esta ave distingue-se pela sua grande dimensão, pela “máscara” preta em redor dos olhos e pela plumagem muito branca nas partes inferiores, que é geralmente visível em voo.

Locais onde é mais fácil de a observar: Esta águia aparece quase sempre perto de água e é frequente vê-la a pescar ou pousada num poste, enquanto se alimenta de um peixe que acabou de capturar. Os melhores locais são a ria de Aveiro, os estuários do Tejo e do Sado e a ria Formosa.

A águia mais parecida e que pode causar confusão na identificação: A espécie mais parecida em termos de coloração e dimensões é a águia-cobreira, mas essa espécie é muito invulgar no período de Inverno e além disso não se alimenta de peixe.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Conheça a história do macho de águia-pesqueira P21 e os dados mais recentes do projecto de reintrodução da espécie no Alentejo. Fique a par de tudo aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.