Águia-pesqueira. Foto: National Biological Information Infrastructure

Censo na Andaluzia contou mais de 130 águias-pesqueiras

Os observadores de aves da Andaluzia juntaram-se à iniciativa do portal Aves de Portugal e fizeram dois dias de contagens das águias-pesqueiras invernantes naquela região, um em Dezembro e outro em Janeiro. Mais de 100 observadores contaram 137 aves em sete províncias andaluzes.

 

O censo às águias-pesqueiras (Pandion haliaetus) invernantes começou em 2015 em Portugal, por iniciativa do portal Aves de Portugal que mobilizou várias dezenas de cidadãos. A 2ª edição do censo em Portugal realizou-se a 16 de Janeiro, dia em que 144 voluntários percorreram o país e contaram entre 135 e 150 aves invernantes.

Este ano, a Fundación Migres, mais concretamente através do grupo Amigos das Águias-Pesqueiras, juntou-se à iniciativa e organizou um censo em dois dias, um a 19 de Dezembro de 2015 e outro a 9 de Janeiro de 2016.

Os resultados foram conhecidos no passado dia 5 de Fevereiro. Assim, 106 observadores de 15 entidades de Ambiente percorreram 56 locais em sete províncias e conseguiram contar entre 130 e 137 águias-pesqueiras no primeiro dia e entre 97 e 99 no segundo.

As zonas com mais aves foram o Parque Natural de Doñana (entre 28 e 35 no primeiro dia e 26 a 28 no segundo dia), a Baía de Cádiz (35 no primeiro dia e 24 no segundo) e as zonas húmidas de Odiel (16 no primeiro dia e três no segundo).

Das sete províncias visitadas no censo, só não foram detectadas águias-pesqueiras em Almeria, Córdova e Granada.

Segundo os organizadores da iniciativa andaluz, os censos tiveram dois grandes objectivos. “O primeiro foi reunir o maior número de observadores em redor desta espécie durante os dias definidos para lhe dar maior visibilidade. E o segundo foi compilar informação durante o período invernal, para ter uma informação mais precisa do número de aves que invernam na Andaluzia”, explicam no seu site.

De momento estima-se em 21 o número de territórios ocupados por águia-pesqueira na Andaluzia, enquanto espécie reprodutora, graças ao projecto de reintrodução que começou em 2003.

Em Portugal, a águia-pesqueira foi dada como extinta em 1997, quando morreu a única fêmea do casal que ainda nidificava no país, na costa alentejana. Catorze anos depois, em 2011, iniciou-se um projecto de reintrodução nas margens da albufeira do Alqueva, com aves trazidas da Suécia e da Finlândia.

Entretanto, surgiram boas notícias em Abril passado, quando uma equipa de investigadores portugueses confirmou o avistamento de um casal de águias-pesqueiras a ocuparem um ninho, junto ao mar na Costa Vicentina.

Portugal conta ainda com as águias-pesqueiras que nos visitam todos os Invernos, chegadas de outros locais da Europa. “Muitas das suas zonas de alimentação nos seus países de origem – Reino Unido, Alemanha, Noruega e Suécia – estão congeladas e, por isso, as aves não conseguem capturar peixes, o seu principal alimento”, explicou Gonçalo Elias à Wilder, quando se realizou o primeiro censo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.