Cinco insectos polinizadores para procurar em Portugal

Estima-se que em Portugal existam mais de 1.000 espécies de insectos polinizadores. Aproveitámos a vinda a Portugal de Dave Goulson, entomólogo e conservacionista inglês, e perguntámos-lhe quais as espécies mais fáceis de identificar no nosso país. O especialista reconheceu que a escolha não foi fácil mas sugeriu estas cinco como excelentes formas para começar. A Primavera é uma das melhores épocas do ano para os observar.

 

Abelhão (Bombus terrestris):

Uma boa forma para identificar estes abelhões é contando as suas faixas amarelas. Esta espécie tem duas, o que a distingue do abelhão-grande-do-jardim, que tem três. Este é dos maiores abelhões nativos da Europa; as rainhas medem cerca de 20 milímetros, os machos cerca de 15 e as operárias, entre 11 e 17.

Alimentam-se de néctar e de pólen e são polinizadores extremamente eficazes.

Os abelhões vivem em colónias de 20 a 150 indivíduos. Os ninhos são feitos entre os tufos de ervas de um prado, num buraco abandonado de um ratinho ou numa fenda nas rochas.

 

 

Abelhão-grande-do-jardim (Bombus ruderatus):

Estes abelhões têm três faixas amarelas e são um pouco maiores do que os abelhões da espécie de duas faixas amarelas. A rainha pode chegar aos 22 milímetros, enquanto os machos medem cerca de 15 milímetros e as operárias, 16.

Estão extremamente bem adaptados para se alimentarem de flores em forma de tubo, chegando ao néctar e ao pólen graças à sua face alongada e língua comprida.

A maioria faz ninhos subterrâneos.

 

 

 

Abelhão-azul (Xylocopa violacea):

São abelhões grandes, de corpo preto reluzente e asas em tons de azul e violeta, com reflexos metálicos. Podem atingir os 50 milímetros de envergadura e os 30 milímetros de comprimento.

Fazem ninhos em galerias que abrem em troncos em via de decomposição. Daí o seu outro nome comum, abelhão-carpinteiro-europeu.

Até ao final do Verão é possível vê-los à procura de um parceiro ou de novos locais para construir os seus ninhos.

 

 

 

Abelha-solitária (Lasioglossum malachurum):

Estas são pequenas abelhas muito comuns e que facilmente podemos encontrar, especialmente na Primavera, quando há maior abundância de flores das quais se alimentam. Isto é especialmente importante para recuperarem forças depois do Inverno.

As abelhas-solitárias fazem ninhos de estrutura simples no solo e escondem as entradas com vegetação.

Alimentam-se de pólen de várias plantas e polinizam inúmeras espécies que usamos para a nossa alimentação ou para fabricar medicamentos.

 

 

Mosca-das-flores (Episyrphus balteatus):

São uma das muitas espécies de moscas-das-flores que são comuns em Portugal.

Esta é uma mosca pequena, com cerca de 10 milímetros de comprimento. É facilmente identificada pelo abdómen de cor laranja com riscas pretas.

Apesar da sua aparência simples, esta espécie é muito importante porque as suas larvas alimentam-se de afídios, sendo por isso eficazes agentes de controlo de pragas nas culturas agrícolas. Na sua fase adulta, esta mosca ajuda a polinizar várias espécies de plantas.

 

[divider type=”thick”]Saber mais.

São várias as pessoas em Portugal que são apaixonadas por insectos, desde investigadores a fotógrafos e a naturalistas amadores. Se quiser descobrir mais sobre o mundo dos insectos em Portugal, pode explorar estes sites:

Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal;

Biodiversity4all;

Naturdata – Espécies de Portugal;

Sociedade Portuguesa de Entomologia;

Grupo “Insectos de Portugal” na EOL – Encyclopedia of Life.

E não deixe de ler a entrevista que fizemos a Dave Goulson no início de Setembro.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Participe na identificação e registo das espécies de insectos nas Estações da Biodiversidade, espalhadas por todo o país. Saiba mais aqui sobre este projecto nacional de ciência cidadã.

Saiba como pode ajudar os insectos polinizadores, com estas sugestões dadas por Dave Goulson.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.