Como ajudar as aves durante o frio do Inverno?

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A chegada das baixas temperaturas, habitual no mês de Janeiro, é uma boa altura para instalar comedouros para as aves para facilitar o acesso a comida a espécies diferentes das nossas povoações e cidades. A SEO/Birdlife deixa as suas dicas do que poderá fazer.

O Inverno é a época do ano em que mais escasseia o alimento para as aves, em especial quando há nevões que deixam cobertos de neve povoações e cidades. Perante esta escassez podemos ajudar as aves dos nossos bairros oferecendo-lhes alimento nas nossas varandas, terraços ou pátios.

Chapim-azul a alimentar-se de um comedouro feito com um saco de rede. Foto: @Shutterstock

“Recomendamos colocar os comederos unicamente em zonas urbanas porque nestes meios os padrões de distribuição temporal e espacial do alimento já estão muito condicionados por factores humanos, por exemplo, os restos de comida da esplanada de um bar”, reconhece, em comunicado, Beatriz Sánchez do programa Biodiversidad Urbana da SEO/BirdLife.

Em meios não urbanos, as aves, ainda que influenciadas pela actividade humana (meios agrícolas, por exemplo), conseguem ter fontes de alimento naturais à sua disposição e que se distribuem seguindo os ritmos da natureza. Isto faz com que o impacto negativo dos comedouros sobre a biologia das populações de aves seja, provavelmente, muito inferior as cidades em comparação com outro tipo de ecossistemas, segundo a SEO/Birdlife (Sociedade Espanhola de Ornitologia).

“Se forem seguidas algumas recomendações básicas, os comedouros não prejudicam as aves ainda que provavelmente também não as ‘salvem’. Ainda assim, ajudam a que pessoas como tu e eu nos sintamos ligados de forma directa às aves selvagens e isto não é trivial”, comentou Beatriz Sánchez. “Pode ser a porta que nos leva a interessarmo-nos e a envolver-nos em acções de conservação da natureza e de outras aves muito mais ameaçadas que precisam de algo mais do que sementes de girassol e amendoins.”

Uma boa localização do comedouro é meio caminho andado para o sucesso

É apenas uma questão de tempo até as aves acabarem por encontrar o alimento. Ainda assim, há lugares melhores do que outros para que usem o nosso comedouro, esteja ele num jardim, pátio ou varanda.

O melhor é escolher um lugar tranquilo, aberto, protegido do Sol, do vento e da chuva e minimizar os riscos trazidos por uma localização errada para as aves. Nunca devemos pôr o comedouro perto de uma janela contra a qual as aves possam chocar. Se a zona for acessível a gatos, o comedouro deverá ser instalado de forma que seja impossível de aceder para os felinos.

Aves comendo de um comedouro. Foto: @Shuterstock

Quanto ao alimento, pão e bolos não são recomendáveis por causa da grande quantidade de aditivos que têm. Nunca deve pôr alimentos que contenham sal, açúcar ou que tenham sido cozinhados.

Se optar por frutos secos, certifique-se de que não têm sal.

É sempre melhor escolher opções mais naturais como frutas, sementes de girassol, amendoins, milho ou uma mistura de sementes. O alimento pode ser colocado em comedouros comprados ou directamente no solo sobre uma superfície plana que se possa limpar frequentemente, como por exemplo o prato de um vaso de flores. A higiene dos comedouros é muito importante porque pode ser fonte de contágio de doenças.

Faça o seu comedouro

Também há a opção de fabricar o seu próprio comedouro usando materiais que poderá ter em casa. O mais simples será prender uma série de amendoins, um atrás do outro, num fio ou arame e colocá-lo num local apropriado.

Elaboração de um comedouro com amendoins. Foto: @SEO/BirdLife

Pode ainda usar sacos de rede onde compramos as cebolas ou os alhos que se enchem com comida para aves e se penduram.

Outra alternativa pode ser usar uma garrafa de plástico, fazendo uma abertura para que as aves possam comer e pondo dois pauzinhos para que as aves se possam empoleirar, e pendurar com um cordel no seu jardim ou no parque mais próximo.

O limite é a sua imaginação.


Saiba mais.

Recorde aqui as sugestões de Julieta Costa da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.