Como identificar pegadas de lontras, ginetas, texugos e raposas

Encontrou uma pegada ou um dejecto num passeio por uma das zonas húmidas de Portugal. Mas como saber a que mamífero pertencem? Pedimos a quatro biólogos para o ajudar neste seu trabalho de detective e descobrir os indícios destas quatro espécies.

 

As pegadas e os dejectos podem dizer-lhe muito sobre o estilo de vida e a dieta de um animal. Tenha em conta a dureza do solo onde ficaram marcadas as pegadas porque podem perder algumas características. Os solos mais macios são os que mostram a pegada de forma mais real. As maiores pegadas destas quatro espécies são do texugo, depois da lontra, raposa e, por fim, geneta.

Os biólogos Frederico Mestre, Miguel Rosalino, Nuno Pedroso e Joaquim Pedro Ferreira seleccionaram as principais características que deve procurar na altura de identificar os indícios destes animais:

 

Lontra Procure: pegadas com cinco dedos marcados (em solos mais duros pode ver apenas quatro; em solos mais macios até pode ver a membrana interdigital); uma grande almofada palmar, com 6-8 centímetros de comprimento e 5.5-6 centímetros de largura; dejectos com muitos restos de lagostins (uma das suas presas preferidas).

Dicas: Procure por dejectos em cima de pedras que sobressaem de rios e ribeiras.


Lontra

 

Raposa Procure: pegadas com 5 centímetros de comprimento e 3.5-4 centímetros de largura; garras finas; quatro dedos nas patas posteriores e cinco nas anteriores (o primeiro é muito pequeno e isolado e, por isso, nem sempre é detectável).

Dicas: As pegadas são muito semelhantes às dos cães domésticos. Há algumas diferenças, no entanto: a almofada palmar é relativamente menor, as garras são mais finas e as duas almofadas digitais externas são ligeiramente mais atrasadas e são mais alongadas.


Raposa

 

Texugo Procure: pegadas com grandes garras (cerca de dois centímetros) e cinco dedos; grande almofada palmar, alongada horizontalmente, com 8 centímetros de comprimento e 4-5 centímetros de largura; latrinas escavadas no solo em buracos com cerca de 10 cm de profundidade e diâmetro, normalmente perto das tocas.

Dicas: a pegada do texugo é muito parecida à pegada do urso… só que é mais pequena. Procure-a especialmente em caminhos com solo solto ou enlameado.


Texugo

 

Geneta Procure: pegadas com 3.5 centímetros de comprimento e 3 centímetros de largura; cinco (ou quatro) dedos muito juntos; pequena concavidade posterior na almofada palmar; dejetos cilíndricos.

Dicas: as latrinas de geneta são inconfundíveis. Esteja especialmente atento a locais proeminentes da paisagem, como no cimo de rochas grandes, em ramos de árvores ou arbustos ou em cima de muros de pedra solta em zonas agrícolas.


Geneta

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.