Parpal Dumplin. Foto: Dawn Watson

Esponja marinha roxa passou 10 anos sem nome até uma criança lhe ter dado um

Uma misteriosa esponja marinha roxa, descoberta há 10 anos durante uma expedição científica na zona costeira entre Essex e Northumberland, em Inglaterra, só agora recebeu um nome comum, escolhido por uma criança de 9 anos.

A iniciativa foi lançada em Janeiro deste ano pelo projecto Agents of Change da Marine Conservation Society e financiado pelo ramo britânico da Fundação Calouste Gulbenkian. Este projecto convidou as crianças da zona de Norfolk a dar um nome à esponja roxa que ali havia sido descoberta há 10 anos. Pertence ao sub-género Hymedesmia (Stylopus) mas ainda não lhe foi atribuído nenhum nome científico. 

Parpal Dumplin. Foto: Dawn Watson

Todas as propostas de nome comum foram analisadas ao detalhe por um painel de especialistas, que procuravam criatividade e adequação do nome.

A escolha foi unânime e o nome selecionado foi “Parpal Dumplin”, sugerido por Sylvie, aluna de 9 anos da escola de Langham. “A esponja é roxa e parece mesmo um bolinho de massa” (em Inglês, “dumpling”), segundo um comunicado do Norfolk Wildlife Trust.

Entre os especialistas do painel que decidiu o nome estão peritos da Norwich Naturalists Society, do Norfolk Wildlife Trust e Claire Goodwin, especialista internacional em esponjas marinhas no Huntsman Marine Science Centre.  

“O projecto Agents of Change deu à esponja um nome comum que podemos usar enquanto ainda não existe um nome científico”, comentou Claire Goodwin. “Gostei imenso de ver todas as sugestões tão criativas.”

As esponjas marinhas ajudam a manter o fundo do mar limpo porque filtram a água quando se alimentam, consumindo partículas minúsculas de alimento que flutuam na coluna de água.

Estima-se que existam mais de 11.000 espécies diferentes de esponjas em todo o mundo. Esta esponja roxa, descoberta ao largo de Norfolk em 2011 – numa expedição durante a qual foram registadas 352 espécies marinhas, na zona costeira entre Essex e Northumberland -, ocorre na Zona de Conservação Marinha de Cromer Shoal Chalk Beds.

“Dar um nome à esponja foi uma forma divertida de as crianças descobrirem mais sobre a vida fascinante que está escondida por debaixo das ondas”, comentou Jenny Lumb, professora na The Coastal Federation. “É fantástico ter a hipótese de dar um nome a uma espécie que os cientistas e mergulhadores vão usar nos próximos anos! Além disso, estas crianças têm a sorte de ter à porta de casa uma Zona de Conservação Marinha.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.