Guimarães prepara vários bioblitz em busca da fauna e flora do concelho

Ouriço. Foto: Alexandra München/Pixabay

Guimarães volta a participar este ano no Nature City Challenge, iniciativa em que cidades de todo o mundo competem pelo registo do maior número de espécies selvagens. A competição decorrerá entre 29 de Abril e 2 de Maio.

Este ano são 446 as cidades que se organizam para procurar, registar e identificar as suas espécies de animais, plantas e fungos.

Guimarães volta a ser a única cidade portuguesa a participar, coordenada pelo Laboratório da Paisagem de Guimarães, centro de Investigação e Educação que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Guimarães, a Universidade do Minho e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. 

Ainda que as iniciativas que estão a ser preparadas junto da população ainda não tenham sido divulgadas, Ana Pinheira, do Laboratório da Paisagem de Guimarães adiantou à Wilder que estão previstos “vários bioblitz em busca da fauna e flora do concelho”. Mas, acrescentou, essas iniciativas “serão lançadas brevemente nas redes sociais do Laboratório da Paisagem”.

Foto: Joana Bourgard

Lançado em 2016 enquanto um esforço colaborativo entre a Academia de Ciências da Califórnia e o Museu de História Natural de Los Angeles, o City Nature Challenge cresceu de uma competição amigável entre duas cidades e tornou-se num evento internacional que hoje abarca seis continentes.

O primeiro City Nature Challenge registou 20.000 observações no estado norte-americano da Califórnia. Em 2021, cientistas de todo o mundo reuniram um recorde de 1.270.000 observações de mais de 400 cidades em 44 países. Incluindo Portugal.

A cidade de Guimarães participou pela primeira vez em 2018 e foi a primeira cidade portuguesa a aderir ao desafio. Desde então tem participado todos os anos. Em 2021 foi a única cidade portuguesa a juntar-se ao concurso de cidades em busca da vida selvagem urbana. Entre 30 de Abril e 3 de Maio, 80 pessoas registaram cerca de 500 observações de mais de 300 espécies diferentes em Guimarães, no âmbito deste desafio.

“Este ano esperamos que o número de observações e registos de espécies novas sejam superiores ao ano anterior assim como o número de participantes no desafio”, comentou Ana Pinheira.

Ouriço. Foto: Alexandra München/Pixabay

A comunidade pode participar utilizando a aplicação Biodiversity GO! contribuindo para a base de dados da biodiversidade de Guimarães. “Se não souberem de que espécie se trata, os investigadores no Laboratório da Paisagem farão a identificação e posterior submissão na plataforma mundial do City Nature Challenge“, acrescentou a responsável.

A participação da comunidade este ano no desafio será um contributo ainda mais importante pois será “um apoio não só para a base de dados da biodiversidade de Guimarães como também para projeto Plano de Ação da Biodiversidade de Guimarães”.

Este projecto conta com diversas acções de inventariação e monitorização da biodiversidade do concelho e acções formações para a comunidade. “O objetivo é mapear as espécies em todo o território vimaranense envolvendo, formando e participando a comunidade para conservar, proteger e monitorizar a biodiversidade em Guimarães”, explicou Ana Pinheira. “Além da componente de ciência-cidadã, o projeto também conta com uma vertente técnica, de investigação, onde foram selecionados 12 unidades de amostragem representativas do concelho para se identificar e inventariar vários grupos de espécies, como aves, mamíferos, insetos (odonatas e borboletas), répteis e anfíbios.”

Nos últimos seis anos, as observações feitas durante o City Nature Challenge ajudaram os cientistas a detectar padrões nas mudanças na biodiversidade a uma escala global e local. 

“Estamos muito entusiasmados por ver o que pessoas de todo o mundo irão registar durante o City Nature Challenge deste ano”, comentou Alison Young, co-directora de Ciência comunitária na Academia de Ciências da Califórnia e co-fundadora do evento.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.