Lagostim-vermelho-do-Louisiana. Foto: Floma24/Wiki Commons

Leitores: O que fazer perante uma invasão de lagostins-vermelhos?

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O leitor Paulo Costa deparou-se esta Primavera com o lago que tinha construído cheio de lagostins-vermelhos e pediu ajuda sobre medidas a tomar. Rui Rebelo responde.

“Seguindo a vossa sugestão, construí no Baixo Alentejo um lago, que ao longo dos últimos anos tem servido de refúgio a vários anfíbios, cágados, fonte de água para as aves, etc”, explica Paulo Costa numa mensagem enviada à Wilder.

No entanto, esta Primavera, Paulo Costa estranhou “não ver as rãs” e descobriu que o lago ficou “cheio de lagostins-vermelhos”. Devido à presença desta espécie invasora, toda a outra fauna que ali se observava simplesmente desapareceu.

“Sendo impossível apanhar um a um, não sendo as armadilhas a solução, pois só captam os adultos, existe alguma solução para os eliminar? Algum produto que coloque na água?”, questiona o leitor, que está curioso também quanto à forma como estes invasores terão ido ali parar. Isto porque “o rio está a três quilómetros do lago”.

Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, explica que “infelizmente este lagostim consegue sair da água e atravessar terra seca”, o que normalmente “acontece nas noites húmidas e chuvosas do Outono mas também pode acontecer na Primavera”.

Ainda assim, este investigador acredita que três quilómetros é uma distância demasiado grande para estes crustáceos a percorrerem sozinhos, pelo que “é também de suspeitar que possam ter sido introduzidos por pessoas”.

Quanto à solução possível, “uma vez estabelecidos, a única maneira realista de os eliminar é drenar os lagos e deixar que o leito seque totalmente”. De seguida, Paulo Costa terá de “removê-lo com um trator, de modo a destruir as tocas onde eles podem aguentar alguns meses à espera da chuva”.

No que respeita a produtos possíveis para serem aplicados, não existe actualmente nenhum produto que garanta a eliminação desta espécie invasora – “quando este é colocado na água, eles podem refugiar-se nas tocas e algumas não estão em contacto com a água”, indica este especialista.

“Não há mesmo resposta fácil”, lamenta Rui Rebelo. “Esta espécie é um invasor terrível, muito difícil de controlar.”

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.