O que fazer no Verão: procurar algas na praia

Neste Verão participe no projecto Algas na Praia que está a monitorizar e a estudar a acumulação excessiva de algas no mar ou na areia das praias portuguesas.

“Grandes quantidades de algas nas praias, tanto no mar como na areia, podem ser um sinal de desequilíbrios nos ecossistemas marinhos”, segundo o site do projecto. 

Uma equipa de investigadores da Universidade do Algarve e do CCMAR está a identificar este tipo de situações. 

Por isso, se encontrar uma acumulação excessiva de algas, envie a informação para a plataforma criada para o efeito, Algas na Praia.

“Dependendo da espécie que está a causar a acumulação, o problema pode ser mais ou menos preocupante”, disse Rui Santos, professor da Universidade do Algarve e investigador do CCMAR, em comunicado enviado à Wilder. “Uma das maiores preocupações é a acumulação excessiva de algas invasoras, uma vez que estas podem ter um impacto muito negativo nas espécies nativas das nossas costas.”

Rui Santos é um dos investigadores que está a estudar algumas das algas que aparecem em grandes quantidades no mar ou na areia.

“É normal encontrarmos algas no mar e na praia! Mas quando há demasiadas algas podemos estar perante situações que resultam de um excesso de nutrientes provenientes da descarga de efluentes urbanos ou da fertilização na agricultura. Quando as algas crescem de forma excessiva, podem prejudicar a biodiversidade, as pescas e a qualidade ambiental da praia”, explicam os investigadores.

O grupo de investigação pretende, numa fase inicial, saber um pouco mais sobre estas algas invasoras: de que espécie se trata? Quando e onde ocorrem?

O registo sistemático das acumulações de algas na costa portuguesa permitirá, no futuro, responder a várias questões: o que está na sua origem? Quais os seus impactos? Estarão estas acumulações a tornar-se mais ou menos frequentes?  

Agora, o cidadão comum tem a oportunidade de ajudar os investigadores a identificar estas algas e, assim, permitir a sua análise e monitorização.  Os investigadores estão a apelar à participação de todos para facilitar o estudo destas acumulações excessivas nas praias.  

Dependendo da espécie e da extensão da acumulação de algas, poderá ser aconselhável remover as algas da praia. “Os nossos investigadores, apesar de não terem essa responsabilidade (nem os meios para o fazer), irão contactar as autoridades competentes sempre que a remoção se justifique.” 

A remoção de algas, porém, é um trabalho difícil e que acarreta custos imprevisíveis para as autoridades. “No entanto, os nossos investigadores estão a estudar formas de tirar proveito das algas removidas, que podem conter substâncias com potenciais benefícios para a saúde. Através do projeto NUTRISAFE, os investigadores procuram desenvolver  um novo suplemento alimentar, a partir de algas invasoras, com caraterísticas anti-inflamatórias e de proteção vascular e pulmonar, de modo a  reduzir comorbidades comuns associadas ao envelhecimento e às doenças inflamatórias crónicas.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.