Onde e como ver vacas-louras em Portugal

Em plena época de voo da vaca-loura, o maior escaravelho da Europa, aqui ficam algumas dicas para aumentar as hipóteses de observar este fantástico animal.

É a partir de Maio que estes insectos passam para uma nova etapa da vida, surgindo como adultos em voo. Tem apenas até Agosto para os procurar.

Este escaravelho (Lucanus cervus) vive apenas um a dois meses no estado adulto, tendo passado cerca de três anos como larvas a alimentar-se de matéria-morta (função crucial na regeneração das florestas). Agora a sua única função é a reprodução: encontrar um parceiro, pôr ovos e morrer.

Segundo João Gonçalo Soutinho, coordenador do censo nacional à espécie, no âmbito do projecto VACALOURA.pt, deve procurar estes insectos nas árvores de grande porte, em especial nos carvalhos-alvarinhos ou nos carvalhos híbridos, como os que existem na Serra de Sintra, por exemplo.

Foto: João Gonçalo Soutinho

Uma outra sugestão é procurar os locais da árvore que estes animais preferem. Mais concretamente em árvores que tenham escorrências (porque a vaca-loura aproveita a seiva para se alimentar, tirando um pouco de açúcar) e tumores no tronco (que são usados pelo escaravelho como locais de refúgio).

Foto: João Gonçalo Soutinho

Além disso, também pode tentar ver se a árvore tem borboletas ou vespas-crabro a voar à volta. Segundo João Gonçalo Soutinho, isso “também é um bom indicativo da presença de vacas-louras por lá, basta procurar um pouco melhor”. Todos estão à procura do mesmo: seiva.

A melhor altura do dia para tentar encontrar estes animais é ao entardecer ou ao anoitecer. É então que estão mais activos, “especialmente quando estão, pelo menos, 18ºC ao pôr-do-Sol”, explicou à Wilder o especialista.

Os locais onde ocorrem estes escaravelhos são as florestas ou os seus limites, principalmente em zonas de árvores com as copas expostas ao Sol.

Foto: João Gonçalo Soutinho

“Ao pôr do Sol, as vacas-louras costumam voar entre as copas. Estão a deslocar-se à procura de fêmeas ou de machos para lutar. Ou de seiva.”

Alguns dos melhores distritos para procurar estes animais são Braga, Porto e Aveiro.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.