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Saiba identificar as borboletas que pode ver no Inverno

Identifique e descubra quais as borboletas que passam o Inverno a voar. O texto e as fotografias são de Albano Soares, do Tagis – centro de Conservação das Borboletas de Portugal, e de Patrícia Garcia-Pereira, do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Nas regiões temperadas, como é o caso de Portugal, a maioria das espécies atravessa a estação fria nas fases imaturas do seu ciclo de vida: em ovo, lagarta ou crisálida. No entanto, algumas borboletas optam pela estratégia de passar o inverno na forma adulta.

Em dias de sol de inverno um olhar mais atento para os campos, bosques e até jardins, permite observar algumas borboletas, pois algumas das nossas espécies pertencentes às famílias Nymphalidae e Pieridae encontram-se no estado adulto.

Para este grupo de borboletas a vida adulta não termina no outono. Estes insetos hibernam em locais protegidos e mais quentes, como grutas, tocas de animais, fendas em muros e árvores, saindo por vezes para apanhar sol mesmo em Dezembro e Janeiro. No princípio da primavera reiniciam a sua atividade regular, acasalando e efetuando posturas nas plantas hospedeiras que começam a desenvolver-se, e reinicia-se um novo ciclo.

O caso mais conhecido é o da borboleta monarca. Esta espécie americana é famosa pelas suas longas migrações do Canadá para o México. Em Portugal há populações de monarca bem estabelecidas no barlavento Algarvio e sudoeste Alentejano. Pela informação disponível, no nosso país esta espécie não faz migrações regulares, mas sabe-se que passa o inverno na forma adulta.

As monarcas da última geração do Verão são iguais às outras na aparência, mas têm diferenças fisiológicas importantes: estes indivíduos estão em diapausa reprodutiva, ou seja, não têm os órgãos sexuais desenvolvidos. São estas borboletas que vão hibernar e apenas voltam a estar ativas e sexualmente maduras na primavera seguinte.

Outros exemplos de borboletas que adoptaram esta estratégia são: a borboleta limão (Gonepteryx rhamni), pavão diurno (Aglais io), tartaruga-pequena (Aglais urticae), a policloros (Nymphalis polychloros), a borboleta-vírgula (Polygonia c-album) ou a nariguda (Libythea celtis).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.