Vespa-asiática (Vespa velutina). Foto: Ksarasola/Wiki Commons

Será que a vespa-asiática é polinizadora?

Leitores da Wilder lançaram a pergunta: será que a vespa-asiática, espécie exótica invasora, é polinizadora? Maria João Verdasca, investigadora que estuda estes insectos, responde.

A vespa asiática (Vespa velutina) é, das espécies invasoras de insectos, a mais conhecida em Portugal. Terá chegado ao país em 2011 pela região de Viana do Castelo.

Em menos de 10 anos, foi avançando de norte para sul e chegou à zona de Lisboa e Vale do Tejo.

Mas será que esta vespa é polinizadora?

“Na fase adulta, e para seu próprio consumo, a vespa-asiática alimenta-se de néctares e de frutos que lhe conferem a energia necessária para o voo”, explicou à Wilder Maria João Verdasca, investigadora na Universidade de Lisboa que está a estudar as vespas-asiáticas em Portugal.

“Logo, ao andarem de flor em flor, acabam também por contribuir para a polinização das plantas.”

No entanto, alerta a investigadora, “esta espécie invasora é uma voraz predadora da abelha-do-mel e de outros insetos polinizadores, que caçam para levarem para o ninho e alimentarem as suas larvas carnívoras que aí se encontram em criação”.

“O facto de se alimentarem de outros insectos polinizadores faz com que a provisão de serviços dos ecossistemas, nomeadamente a polinização das culturas agrícolas, possa ser impactada com a consequente quebra na produção final do alimento.”

Por outro lado, acrescentou Maria João Verdasca, “só a presença da vespa-asiática inibe o normal comportamento dos pequenos insetos polinizadores que acabam por passar menos tempo a visitarem as flores, levando também aqui à quebra dos serviços de polinização”.


Saiba mais.

Saiba aqui o que devemos fazer se encontrarmos uma vespa-asiática.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.