um urso-pardo numa floresta
Urso-pardo. Foto: Per Harald Olsen/Wiki Commons

Sete curiosidades sobre o urso-pardo

Fique a conhecer um pouco mais sobre o urso-pardo, a partir das informações partilhadas pela espanhola Fundación Oso Pardo, que trabalha para a conservação desta espécie na Cordilheira Cantábrica e nos Pirinéus.

1.O urso-pardo (Ursus arctos arctos) mede entre 1,6 a 2 metros de comprimento. Os machos pesam em média 115 quilos e as fêmeas 85 quilos. Têm uma vista medíocre, mas uma audição muito boa e um olfacto excelente – o sentido mais desenvolvido nestes animais, muito importante para a sua sobrevivência.

2.São animais habitualmente solitários. Só formam grupos no caso das fêmeas e crias e nesses casos podem permanecer juntos durante meses ou mesmo anos. Vivem entre 25 a 30 anos em média, quando estão na natureza.

3.Apesar do nome sugestivo, os ursos-pardos têm uma grande variedade de tons, que vão do castanho quase negro ao dourado claro, incluindo diferentes tons de cinzento. Todavia, há um padrão de cores que se repete muito: patas escuras, face em tons pardos amarelados, os quartos traseiros mais escuros. A pelagem muda uma vez por ano, no Verão.

Urso-pardo. Foto: Thomas Wilken/Pixabay

4.São conhecidos como “carnívoros arrependidos”: têm uma dieta essencialmente vegetariana, mas também estão preparados para caçar e comer vertebrados, o que por vezes acontece. Ao longo do ano, a alimentação varia de acordo com o que há disponível, entre plantas herbáceas, bagas silvestres, frutos como maçãs e cerejas e também frutos secos, incluindo as bolotas dos carvalhos e avelãs. Também saqueiam formigueiros e colmeias e comem por vezes carcaças de animais. Nas populações espanholas da Cordilheira Cantábrica, as mais próximas do Norte de Portugal, caçam, por vezes, crias de ungulados.

5.É na Primavera que se reproduzem. As fêmeas têm dois períodos de cio, que duram de um a dez dias, e só se juntam com os machos para procriar. Quando isso acontece a implantação é diferida, ou seja, o óvulo flutua livremente e só irá implantar-se no útero no próximo Outono, quando começa realmente a gestação. Passados dois meses, nascem entre uma a três crias, ainda no período de hibernação, dentro da caverna. Estas vão permanecer juntas com a mãe até terem um ano e meio e pesarem cerca de 40 quilos. Durante esse tempo os pequenos ursos são vigiados atentamente pela progenitora, uma vez que podem ser mortos por machos adultos. Mesmo quando já estão longe da mãe, irmãos costumam ficar juntos durante mais alguns meses, até se tornarem solitários.

6.No Outono, os ursos-pardos procuram consumir grandes quantidades de alimentos, para acumular reservas de gordura tendo em vista a hibernação no Inverno. Quando chega a altura, a maioria escolhe uma caverna, mas alguns optam por escavar reentrâncias no solo, sempre em locais de acesso muito difícil e bem escondidos pela vegetação. Na Cordilheira Cantábrica, alguns ursos optam por não hibernar, o que pode compensar, por exemplo, quando existem crias e a temperatura é amena, com abundância de alimentos.

7.Os ursos europeus, em geral, não são agressivos. Ao longo dos séculos aprenderam a manter-se afastados dos humanos. Na Cordilheira Cantábrica, nos últimos 25 anos, só há registo de sete incidentes com contacto físico, nenhum deles fatal. Estes casos terão sido desencadeados pela presença muito próxima de humanos ou por comportamentos imprudentes e consistiram num rápido ataque e em fuga imediata. Ainda assim, um urso pode ser perigoso se estiver ferido, se for uma fêmea com as suas crias, se estiver a ser ameaçado por cães ou se for surpreendido a alimentar-se de uma carcaça de animal.

O que fazer? Se encontrar um urso, deve retirar-se calmamente e sem gestos agressivos, falando calmamente, sem bloquear possíveis caminhos de fuga para o animal, mostrando que não é uma ameaça. Se o animal se levantar, está apenas a tentar identificar-nos, pelo que não é uma atitude agressiva. Se for uma fêmea com crias, não se coloque entre ambos.

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Esta quinta-feira, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas confirmou a detecção de um urso-pardo no Parque Natural de Montesinho, junto à fronteira com Espanha. Releia aqui essa e todas as outras notícias que a Wilder já publicou sobre este grande mamífero.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.