Uma intrigante ave de peito ruivo

A correspondente Mafalda Ferreira de Lima ajuda-nos a descobrir a vida secreta destas pequenas aves, de capuz preto e peito ruivo.

 

Há por aí uma ave que exibe um belo peito ruivo… mas que não é o pisco! Sabem de quem falo?

Em meados de Junho do ano passado vi uma cena engraçada quando passeava na várzea da quinta. Uma ave de plumagem preta e branca, cortada por um tom ruivo ardente, saltava freneticamente de árvore em árvore, na alçada da sua companheira. Fiquei intrigada e, após alguma pesquisa, descobri que se tratava de um casal de cartaxos-comuns (Saxicola rubicola)!

 

 

Esta ave pertence à extensa família turdidae, um passeriforme que habita, normalmente, em zonas mais próximas do mar e em charnecas.

O macho adulto tem a cabeça totalmente preta, uma mancha branca nos lados do pescoço, o peito laranja-avermelhado e uropígio castanho sarapintado de escuro (podendo exibir uma mancha branca no Verão). A fêmea adulta apresenta uma plumagem castanha fusca sem grandes apontamentos.

 

 

O Cartaxo-comum alimenta-se quase exclusivamente de invertebrados, como insectos e larvas. Habitualmente caça a partir de um “poleiro”, onde ficará a aguardar até encontrar uma presa. O seu método de caça é bastante típico: quando  avista o alvo, salta subitamente do seu poiso para capturar o insecto escolhido. De seguida, retorna ao seu poleiro ou, por vezes, para um poleiro diferente. Presas de  tamanho muito reduzido, como os mosquitos, podem ser consumidas imediatamente durante o voo ao contrário das maiores, como as abelhas ou traças, que têm de ser levadas de volta antes de serem ingeridas. O cartaxo pode ainda executar outras técnicas de caça, como vibrar ou pairar sobre a vegetação. Os métodos escolhidos pela ave podem mudar de acordo com a época do ano.

 

 

Habitualmente, o Cartaxo-comum é territorial, enquanto espécie residente. A proclamação das zonas de reprodução é feita pelo macho que, numa postura altiva, canta, exibindo os seus tons ruivos de um colorido brilhante.

 

 

Esta espécie é, geralmente, monogâmica e cada par constrói o seu ninho no chão ou, pelo menos, muito próximo do mesmo. Os ninhos podem estar escondidos na base de um arbusto, num buraco na terra ou até mesmo por debaixo de uma pedra, dependendo da região. O ninho é feito com ervas, folhas, raízes e caules e no interior é forrado com materiais mais finos, como pequenas raízes, lã e penas.

 

 

Regra geral, o macho “guarda” a fêmea e é visto com frequência em ramos logo acima daqueles onde a sua companheira se encontra, seguindo-a incansavelmente para onde quer que vá. Tudo isto com o propósito de evitar a aproximação de outros machos e a possível perda de paternidade.

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