Foto: Helena Geraldes

Vai estar no campo por estes dias? Ajude a saber como estão as aves portuguesas

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As Contagens de Aves de Natal e de Ano Novo (CANAN) realizam-se até ao final de Janeiro e ajudam a avaliar a situação de muitas das espécies que passam o Inverno em Portugal. Saiba como participar e quais foram as mais observadas no último censo.

Estas contagens têm como objectivo seguir “as tendências populacionais das aves invernais nos campos agrícolas portugueses”, explica a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), entidade que coordena este censo.

O alvo das CANAN são as aves não passeriformes mais os corvídeos, os picanços (género Lanius) e ainda os estorninhos. Quem deseja participar precisa de saber identificar essas aves.

Picanço-barreteiro (Lanius senator). Foto: Michele Lamberti/Wiki Commons

Igualmente importante é ter meios de transporte próprios, uma vez que cada voluntário terá de realizar “um percurso de carro, a pé ou de bicicleta numa zona agrícola ou agropastoril” , registando num caderno de campo – ou directamente na ficha de registo – todas as espécies alvo que observar. Como alternativa, pode recorrer ao PortugalAves/eBird.

Os percursos devem ter entre 10 e 30 quilómetros de comprimento – podem ser mais curtos se forem feitos a pé – e realizam-se apenas uma vez, entre 15 de Dezembro e 31 de Janeiro. Mas cada participante pode escolher mais do que um local para realizar um percurso, desde que distem entre si mais do que dois quilómetros se estiverem na mesma área geográfica.

Sisão (Tetrax tetrax). Foto: Pierre Dalous / Wiki Commons

Quais são as espécies em causa? “Garças e cegonhas, patos e gansos, aves de rapina diurnas, perdizes e codornizes, galinha-d’água, grou, abetarda e sisão, aves limícolas e gaivotas, cortiçois, pombos e rolas, picapaus, picanços, estorninhos e corvídeos”, detalha a SPEA, num relatório sobre os resultados das CANAN da época 2020/2021.

Antes de se meter à estrada, o melhor será contactar o responsável do censo para definir previamente um percurso, enviando um email ([email protected]). E depois de realizada a contagem, pode enviar a lista do PortugalAves/eBird ou a ficha de registo preenchida para o mesmo contacto – de preferência até ao final de Fevereiro.

As mais observadas

Estorninho-preto (Sturnus unicolor), gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) e abibe (Vanellus vanellus). Estas foram as aves mais observadas nas CANAN do último Inverno, há um ano, nas quais participaram 17 observadores voluntários que realizaram 30 percursos em Portugal Continental, de norte a sul do país. Ao todo, foram percorridos 421,9 quilómetros, indica o respectivo relatório.

Estorninho-preto (Sturnus unicolor). Foto: Hans Norelius/Wiki Commons

Outras quatro espécies com muitos registos – cada uma com 400 a 1000 aves observadas – foram o carraceiro (Bubulcus ibis), a tarambola-dourada (Pluvialis apricaria), a cegonha-branca (Ciconia ciconia) e o guincho (Chroicocephalus ridibundus).

Em conjunto, essas sete espécies com mais registos corresponderam a 70,6% – quase três quartos – de todas as aves contadas no censo.

Carraceiro (Bubulcus ibis), também conhecido por garça-boieira, em repouso. Foto: © Hans Hillewaert / Wiki Commons

Já a águia-d’asa-redonda (Buteo buteo), o peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus), o milhafre-real (Milvus milvus) e a águia-sapeira (Circus aeruginosus) foram as aves de rapina mais vistas, enquanto que do lado dos corvídeos se destacaram a gralha-preta (Corvus corone), o charneco (Cyanopica cooki) e a pega (Pica pica).

Gralha-preta (Corvus corone). Foto: Sharp Photography / Wiki Commons

Agora é a sua vez.

Está interessado em participar nas CANAN? Saiba aqui em detalhe quais são as instruções para as contagens.


Conte as Aves que Contam Consigo

A série Conte as Aves que Contam Consigo insere-se no projeto “Ciência Cidadã – envolver voluntários na monitorização das populações de aves”, dinamizado pela SPEA em parceria com a Wilder – Rewilding your days e o Norwegian Institute for Nature Research (NINA) e financiado pelo Programa Cidadãos Ativos/Active Citizens Fund (EEAGrants), um fundo constituído por recursos públicos da Islândia, Liechtenstein e Noruega e gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian, em consórcio com a Fundação Bissaya Barreto.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.