Voluntários procuram-se para mais de 100 acções de limpeza nas praias portuguesas

Foto: Duarte Drago/Fundação Oceano Azul

O Dia Internacional de Limpeza Costeira é comemorado com diversas iniciativas entre este sábado, dia 17, e dia 25, domingo, por todo o país, anunciou a Fundação Oceano Azul.

 

Entre limpeza terrestre e subaquática, estão previstas mais de uma centena de acções que se vão realizar de norte a sul do país, incluindo os Açores e a Madeira, indica uma nota de imprensa enviada à Wilder pela Fundação Oceano Azul, que lançou o desafio ao qual responderam “centenas de organizações portuguesas”.

Este é o quarto ano consecutivo desta iniciativa que visa combater o lixo marinho em Portugal, um problema que é grave em todo o mundo. Estima-se por exemplo que por cada minuto que passa, entram no oceano o equivalente a dois camiões carregados de plástico.

De acordo com a monitorização das praias portuguesas realizada pela Agência Portuguesa do Ambiente em 2021, foi possível identificar apenas 15% do lixo recolhido. Desse lixo, 90% era constituído por plástico e poliestireno, incluindo esferovite, e os plásticos de utilização única representavam mais de quarto (28%) do total.

Apanhar o lixo antes de entrar no mar

Mas o que se consegue com estas acções, afinal? Além de ajudarem os cidadãos em geral a tomarem consciência do problema, permitem apanhar uma parte do lixo antes de chegar ao mar e recuperar também algum daquele que já entrou em ambiente marinho, explica a fundação.

A recolha do lixo evita também que este se fragmente em pedaços minúsculos, o que tornaria ainda mais difícil a remoção, e contribui para se identificarem quais são os tipos de lixo mais encontrados e qual é a sua origem, uma vez que nessas iniciativas também se faz monitorização.

A poluição do meio marinho, em especial por plástico, que é muito duradouro, representa “graves consequências” para a vida marinha, uma vez que “todos os anos, um milhão de aves marinhas, 100.000 mamíferos e tartarugas marinhas, assim como um infindável número de peixes, morrem vítimas do plástico presente no oceano”.

Um problema grave para o oceano

A ingestão de plásticos por animais, que podem morrer asfixiados, ou o seu aprisionamento em redes de pesca perdidas são dois dos impactos sobre a biodiversidade, exemplifica.

Por outro lado, quando um organismo se alimenta de plástico, pode transmitir essa toxicidade a todas as espécies da cadeia alimentar que a ele estão ligadas. Além do mais, esse lixo pode ferir os animais, levando à sua morte ou a infecções, e provoca a destruição de habitats.

Mas também a pesca marinha e a navegação, a saúde pública e o turismo ficam comprometidos devido à poluição do oceano, sendo que uma grande parte desse lixo pode ser encontrado a menos de 100 milhas da costa, ou seja, cerca de 160 quilómetros.

Desde Setembro de 2019, calcula-se que no âmbito destas acções de limpeza costeira foram recolhidas 134 toneladas de lixo marinho em mais de 800 iniciativas, por mais de 14.000 voluntários e 200 organizações.

 


Agora é a sua vez.

Recorde estas cinco pistas para retirar o lixo da praia e do mar, num passeio da Wilder com Ana Pêgo, bióloga e autora do livro “Plasticus Maritimus”.

 


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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.