Voluntários voltaram ao Sado e tiraram outra tonelada de lixo

Todos os meses, dezenas de voluntários juntam-se para limpar as margens do Estuário do Sado, no âmbito do projecto da Ocean Alive “Mariscar SEM Lixo”. Dezembro não foi excepção e os números são a prova. Na última acção da campanha, 25 pessoas retiraram 1.277 quilos de lixo e 1.360 embalagens de sal vazias.

 

A 10ª acção da campanha aconteceu a 13 de Dezembro na praia do Outão/Gávea, junto da desembocadura do estuário, e a 17 de Dezembro no sapal e areal na margem industrial, perto da Lisnave, segundo um comunicado da Ocean Alive, organização sem fins lucrativos que pretende “transformar comportamentos para a protecção do oceano”.

Os 25 voluntários recolheram 1.277 quilos de lixo e 1.360 embalagens de sal provenientes da mariscagem do lingueirão e do casulo no Estuário do Sado. “Todas as embalagens de sal recolhidas são guardadas pela Ocean Alive para exposição ao público em acções de sensibilização”, explica a organização.

Acção de Dezembro. Foto: Ocean Alive
Acção de Dezembro. Foto: Ocean Alive

A Campanha “Mariscar SEM Lixo” começou em Março deste ano, na Sexta-feira Santa, por tradição o grande pico anual de afluência de mariscadores no estuário, sítio da Rede Natura 2000 e casa da única população de golfinhos residente no nosso país. O grande objectivo da campanha é retirar o lixo marinho do Estuário do Sado, envolvendo a sociedade, e acabar com o mau hábito dos mariscadores do lingueirão e do casulo em deixar as embalagens de sal na maré.

Desde então, um total de 645 voluntários recolheram 12.537 quilos de lixo e 18.857 embalagens de sal de plástico. Além disso, 437 mariscadores foram sensibilizados para o problema da contaminação por plástico e incentivados a não deixar as embalagens de sal na maré.

Isto porque, com o tempo, as embalagens vão-se deteriorar e transformar-se em pequenas partículas de plástico que acumulam poluentes tóxicos e que acabam por ser ingeridas por peixes, mariscos e golfinhos. Estas partículas – que vão persistir durante décadas ou séculos – “poderão ferir, asfixiar, causar úlceras ou a morte de animais marinhos”, salienta a Ocean Alive. Além disso, “parte das embalagens vem dar às praias de Setúbal, Tróia e Arrábida, constituindo também um risco para a saúde pública”.

Mas esta campanha está longe de terminar com o fim do ano que se aproxima. Para os primeiros meses de 2017 “está prevista a primeira fase da limpeza do Cais Palafítico da Carrasqueira com a colaboração da comunidade piscatória, entidades locais e voluntários”, adianta a Ocean Alive em comunicado.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.