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Conheça as cinco espécies de andorinhas de Portugal

As andorinhas são talvez o maior ícone da Primavera. Conheça as cinco espécies que ocorrem em Portugal, com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia.

 

É fácil saber que elas andam por aí. São andorinhas, isso sabemos. Estas (relativamente) pequenas aves têm uma silhueta inconfundível, com as suas asas longas e pontiagudas, e os seus chamamentos são fáceis de reconhecer.

Mas em Portugal ocorrem cinco espécies de andorinhas em meio terrestre. Qual será a espécie que estamos a ver? Quando tentamos uma identificação tudo se pode tornar complicado. Estes exímios acrobatas do ar voam demasiado rápido. Com base em vários guias de aves, no livro “Aves de Portugal – Ornitologia do território continental” e nas andorinhas do ilustrador Marco Nunes Correia, apresentamos-lhe aqui algumas dicas de identificação.

Estas são as cinco espécies que ocorrem em Portugal: Andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum), Andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), Andorinha-dáurica (Cecropis daurica), Andorinha-das-barreiras (Riparia riparia) e a Andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris).

 

 

 

 

Talvez a primeira coisa a fazer é separar as espécies que ocorrem em zonas urbanas daquelas que ocorrem em zonas naturais. Assim, é muito provável que esteja a olhar para uma destas duas espécies se estiver numa vila ou cidade:

Andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica): 

Como identificar: esta é a maior andorinha que ocorre no país e é muito comum. Por cima é preta com reflexos azulados e por baixo é branca ou branco-amarelado. Procure a sua cauda fortemente forcada e alongada, com penas finas.

Ninhos: os seus ninhos são construídos em forma de taça de lama, reforçada com plantas, em telhados, beirais e chaminés. A incubação dura cerca de 15 dias e as aves abandonam o ninho aos 19 dias de idade.

Alimento: insectos.

Dimensão: entre 17 e 21 centímetros.

Quando: Sobretudo entre Fevereiro e Setembro, mas o seu canto pode ser ouvido logo no início de Janeiro.

 

Andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum): 

Como identificar: esta ave muito comum tem a parte de baixo branca e a parte de cima preta com reflexos azulados. A cauda é preta, e não tão grande e forcada como a andorinha-das-chaminés.

Ninhos: os ninhos, muito fechados, são feitos de lama que as andorinhas recolhem em poças de água e construídos em beirais de casas, mas também em pontes, barragens e outras construções humanas. A incubação dura 14 a 16 dias e as aves abandonam o ninho aos 22 a 23 dias de idade.

Alimento: insectos.

Dimensões: entre 13 e 15 centímetros

Quando: Fevereiro ao início do Inverno.

 

 

Estas três espécies ocorrem em zonas mais naturais. Além disso, têm uma cor mais acastanhada e há uma delas que vive em Portugal durante todo o ano, a andorinha-das-rochas:

 

Andorinha-dáurica (Cecropis daurica):

Como identificar: é parecida à andorinha-das-chaminés, com as penas da cauda compridas e pontiagudas. A diferença é que esta andorinha tem a parte de baixo ligeiramente mais escura e tem um tom pálido (e não preto-azulado) na parte lateral da cabeça. Além disso, na cauda não tem as pintas brancas da andorinha-das-chaminés.

Ninhos: os ninhos são feitos de lama, bastante fechado, construído normalmente em pontes, ruínas, penhascos, zonas montanhosas e costas íngremes, de preferência em áreas com pouca presença humana. A incubação dura 13 a 16 dias e as aves abandonam o ninho aos 22 a 26 dias de idade.

Alimento: insectos.

Dimensões: entre 14 e 19 centímetros.

Quando: Fevereiro a Setembro, mas pode ser vista ainda em Dezembro no Algarve.

 

Andorinha-das-barreiras (Riparia riparia):

Como identificar: esta é a andorinha mais pequena das cinco espécies. Tem a parte de cima de um castanho-acinzentado e parte de baixo clara. A cauda forcada é pouco pronunciada e sem pintas brancas (ao contrário da andorinha-das-rochas).

Ninhos: faz ninhos em colónias, escavando buracos em barrancos verticais de areia ou terra ou em areeiros na margem de rios. A incubação dura 14 ou 15 dias e as aves abandonam o ninho aos 22 dias de idade.

Alimento: é vista muitas vezes a voar rente a lagos e rios, a baixa altitude, à caça de insectos.

Dimensões: entre 12 e 13 centímetros.

Quando: a partir da primeira quinzena de Fevereiro até Agosto, Setembro.

 

Andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris):

Como identificar: É grande e compacta. Por cima é de castanho-acinzentada e o peito é branco-acinzentado manchado de castanho. Quando tem a cauda aberta podem ver-se pequenas pintas brancas, uma das melhores formas de a identificar. É mais provável de a observar junto a penhascos íngremes em zonas elevadas.

Ninhos: faz os seus ninhos em grutas ou cavidades de penhascos ou em zonas montanhosas. A incubação dura 13 a 17 dias e as aves abandonam o ninho aos 24 dias de idade.

Alimento: insectos.

Dimensões: entre 14 e 15 centímetros.

Quando: é residente e a única espécie de andorinha que ocorre todo o ano em Portugal. Inverna ao longo de uma extensa faixa costeira e a sua época de reprodução começa em princípios de Abril.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Aprenda a desenhar uma ave com o ilustrador Marco Nunes Correia.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

As andorinhas são apenas algumas das espécies que chegam a Portugal para se reproduzir. Conheça aqui as 70 espécies que já cá estão e o projecto Chegadas, organizado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.