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Webcam já está a transmitir em directo a vida nos ninhos dos andorinhões nesta escola em Espanha

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Nesta altura do ano, os andorinhões-pálidos já estão nos seus ninhos. É uma janela de oportunidade única para admirarmos estas aves pousadas. Uma escola em Espanha está a cuidar da sua colónia de andorinhões e podemos ver tudo graças a uma webcam da Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife). 

A webcam, que mostra 24 horas por dia do comportamento reprodutivo desta ave fantástica, foi instalada no Colégio Esclavas SCJ de Jerez de la Frontera (Cádiz), no âmbito de um projecto educativo do colégio, pelo projecto Webcams da SEO/Birdlife.

A colónia de andorinhões-pálidos (Apus pallidus) tem vindo a crescer. Quando o projecto começou, em 2013, havia dois casais nidificantes que conseguiram sete crias; no ano passado já eram 11 casais e 29 crias.

Por estes dias podemos ver o momento único em que estas aves migradoras pousam: quando têm crias. A webcam permite-nos ver um ninho em grande plano e um mais ao fundo, ambos ocupados. Os chamamentos das aves misturam-se com o som das crianças do colégio.

Os alunos do Colégio sabem que com a chegada da Primavera a sua entrada nas aulas, de manhã, é acompanhada pelos andorinhões que chegam África. Também sabem, assim como toda a comunidade educativa, que os andorinhões voltam todos os anos com as suas acrobacias aéreas e os seus chamamentos para fazerem ninho nos buracos das persianas do laboratório e nas caixas-ninho de madeira feitas pelos alunos.

 

O director do projecto e professor do ensino primário, José Ignacio Quevedo, explicou que a ideia foi lançar um grande projecto educativo “verde” centrado no andorinhão-pálido.

O colégio fez todo o tipo de actividades com estas aves, começando por facilitar a sua nidificação substituindo as antigas persianas por outras que lhes dão mais espaço, instalando uma câmara interna para seguirem a colónia e proporcionando novos espaços para aumentar a colónia ao colocar caixas-ninho específicas para a espécie.

“É um exemplo claro de que a natureza oferece inúmeros recursos para trabalhar dentro da aula”, comentou, em comunicado Laura Benítez, da SEO/Birdlife. “Tornar os alunos participantes num projecto com estas características é uma ferramenta de sensibilização ambiental estupenda e abre um sem fim de possibilidades para aproximar a natureza das aulas.” A mensagem que esta webcam transmite é que “aquilo que é bom para as aves é bom para nós e por isso é importante cuidar delas”.

O andorinhão-pálido é uma das três espécies de andorinhões de Portugal. Faz os seus ninhos em cavidades de preferência perto do litoral e há grandes colónias em Lisboa, Setúbal e Faro. A incubação dura 21 dias e as aves abandonam o ninho aos 46 dias de idade.

Esta é uma ave que se alimenta de insectos voadores e que está presente em Portugal entre Março e Outubro, país onde nidifica, voando depois para África onde passa o tempo mais frio.


Saiba mais.

Descubra aqui como é que os andorinhões conseguem dormir a voar.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.