Que espécie é esta: abelha-da-lama

A leitora Helena Valentim viu uma abelha a escavar um buraquinho num vaso na sua varanda em Ílhavo, a 30 de Junho, e pediu ajuda para a identificar. Albano Soares responde.

“Desde há cerca de duas semanas que tenho reparado em abelhas a escavar túneis, para onde depois se enfiam, em alguns vasos de plantas que tenho na minha varanda”, contou Helena Valentim à Wilder.

“Geralmente vejo apenas uma abelha solitária a arrastar terra para fora com as patas, embora numa das ocasiões tenha reparado em duas abelhas idênticas que saíram do mesmo buraco na terra”, acrescentou.

Trata-se de uma abelha do género Megachile sp. que, em Portugal, terá mais de uma dezena de espécies conhecidas.

Género identificado por: Albano Soares, Rede de Estações da BiodiversidadeTagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

Pelas fotografias não se consegue identificar a espécie, mas não há dúvidas de que é uma abelha do género Megachile sp, conhecidas como abelhas-corta-folhas ou abelhas-da-lama.

“As abelhas deste género constroem cavidades no solo, nos muros ou em caules e madeira morta”, explica Albano Soares. Depois, revestem essas cavidades com matéria vegetal ou com lama e saliva. Em cada uma depositam uma mistura de néctar e pólen e um ovo. O adulto emerge na próxima época, na Primavera.

As abelhas do género Megachile pertencem à família Megachlidae. Nas abelhas desta famílias, as fêmeas transportam o pólen e o néctar em pêlos especiais que existem na parte inferior do abdómen e não nas patas.

Albano Soares deixa algumas sugestões para quem quiser ajudar estes magníficos insectos. “Pode construir os chamados hotéis para abelhas e disponibilizar espaços ajardinados livres de pesticidas. Pode também plantar vários tipos de plantas cujas flores atraem estes insectos, como por exemplo aromáticas, leguminosas e compostas.”


Agora é a sua vez

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.