Que espécie é esta: aranha-caranguejeira

O leitor Paulo Marques fotografou esta aranha a 21 de Abril de 2019 em Santa Iria da Azóia (Loures) e quis saber a que espécie pertence. Sérgio Henriques responde.

 

“Na Primavera de 2019 fotografei esta aranha a devorar esta abelha. De que espécie se trata?”, perguntou Paulo Marques à Wilder.

 

 

Trata-se de uma aranha-caranguejeira (Misumena vatia).

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

Esta é uma foto bem catita de uma fêmea de Misumena vatia. Neste caso é branca mas a espécie pode mudar de cor como um camaleão para se ajustar à sua flor de caça. E este é um comportamento bem conhecido, porque esta espécie é muitíssimo bem estudada e até tem um livro apenas sobre ela.

Embora possa parecer que a aranha tem um impacto negativo para a flor, na verdade, tal como um lobo mantém a saúde das manadas de herbívoros, caçando os membros mais fracos ou doentes, as aranhas florícolas como esta também mantêm o fitness dos polinizadores.

No entanto, como qualquer predador, acumula as toxinas das suas presas. Se uma abelha ou abelhão está fraco devido a pesticidas é mais provável que seja capturado. As aranhas acabam por ingerir esses químicos também e é por isso que penso que o declínio dos polinizadores deveria ser visto como um indicador de um declínio semelhante, ou ainda mais acentuado, nos seus predadores, como as aranhas.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

 

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Para o ano de 2020 criámos um calendário inspirado nas espécies de plantas, animais e cogumelos de Portugal, com 12 das melhores imagens que recebemos dos nossos leitores, através do Que Espécie É Esta. E com os dias mais especiais dedicados à Natureza, de Janeiro a Dezembro. 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.