Que espécie é esta: aranha-errante

O leitor Andrés Perosa fotografou esta aranha a 16 de Junho no Rio Grande do Sul, na cidade de Erechim, Brasil, e pediu ajuda para saber a espécie. Sérgio Henriques responde.

“Gosto muito de estudar as aranhas. Tenho esse hobbie há anos. Sempre que as vejo tiro fotos delas e guardo em uma coleção que montei!”, escreveu Andrés Perosa à Wilder.

“Porém encontrei uma que tem características que me deixaram em dúvida sobre qual espécie ela é.”

Tratar-se-á de uma aranha-errante da espécie Polybetes cf. pythagoricus (a confirmar).

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

Não consigo ter a certeza pela foto mas parece-me ser uma fêmea Polybetes cf. pythagoricus. Que a estar correcto é uma espécie conhecida do Brasil, mas também da Guiana, Uruguai, Paraguai e Argentina.  

Mas de certeza que é um sparassideo, uma família chamada no Brasil de aranhas errantes ou aranhas caçadoras (talvez tradução do seu nome em Inglês “Huntsman“).

São aranhas de tamanho considerável e bastante rápidas pelo que costumam ter má fama, apesar de serem inofensivas. O seu tamanho e rapidez é parte das características extraordinárias que permitem a este animal caçar por emboscada ou perseguição animais bem maiores que elas em segundos, tendo mais sucesso que predadores mais famosos como o tigre ou o leão.

Normalmente vive em árvores. Mas à medida que o seu habitat é destruído, ou que transportamos mais material da floresta para cidades, estas espécies podem aparecer perto, ou mesmo dentro de casa.

E embora eu perceba como possa ser assustador encontrar uma aranha deste tamanho quando nao se está à espera, vejo sempre a sua presença como um privilégio de poder usufruir da presença de um predador tão antigo, a tentar alimentar-se dos insectos que poderão atacar a minha comida, a minha mobília ou mesmo a minha família, no caso de mosquitos e outros vectores de doença.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email o seu nome, a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.