Que espécie é esta: aranha Eusparassus dufouri

A leitora Luísa Borges pediu ajuda para identificar uma aranha perto da povoação de Corval, no Alentejo. Sérgio Henriques responde.

 

“Preciso de ajuda. Estou a conviver com uma aranha bastante grande e razoavelmente assustadora”, explicou Luísa Borges, pedido para saber a espécie e o que deveria fazer.

A espécie que observou é uma aranha da espécie Eusparassus dufouri.

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

A Eusparassus dufouri é uma das aranhas mais longas da nossa fauna. O corpo não é grande, mas as patas fazem-na parece bem maior.

“Esta é uma espécie inofensiva e é na verdade um dos meus candidatos preferidos para tentar convencer pessoas a perderem o medo de aranhas. Isto porque é uma espécie tão dócil que embora tenha tentado várias vezes, nunca consegui irritar ou forçar esta espécie a morder-me”, acrescenta este aracnólogo português.

As Eusparassus podem ser bastante comuns nalgumas zonas e aparecem algumas vezes em casa. Usualmente vivem debaixo de rochas ou cascas de árvores, onde são encontradas dentro do pequeno cobertor de seda que se vê na foto, e que é característico desta espécie.

Este estilo de vida, especializado em viver em fissuras, é parte da razão para serem encontradas muitas vezes, pois “escondem-se” em locais onde muitos outros animais não caberiam ou não se conseguiriam mexer.

Outra adaptação a este estilo de vida é terem as patas tão laterais que se conseguem mover quase sem ter de se levantarem.

Embora seja bem visível contra uma parede branca, em cima de uma rocha cinzenta com líquenes, esta aranha passa completamente despercebida, o que torna fácil de perceber qual a razão para o seu bonito padrão listrado.

E apesar de passarem grande parte do dia escondidas do calor, sob a sua manta de seda, as Eusparassus são predadoras super rápidos. Mas a mesma velocidade que usam para caçar também usam para fugir: assim que alguém toca na sua seda, normalmente desaparecem antes do olho humano conseguir reconhecer o que são.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. No caso de plantas, deve enviar fotos de pormenor das folhas, frutos e flores (se houver), se possível também tiradas contra o céu. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.