Que espécie é esta: aranha-lobo

O leitor Ricardo Bento enviou-nos esta foto de aranha vista a 10 de Abril em Azaruja, Évora, e quis saber a que espécie pertence. Sérgio Henriques responde.

 

“Encontrei esta aranha perto da minha casa em Azaruja (a 16km de Évora). É venenosa?”, escreveu o leitor à Wilder.

 

 

Tratar-se-á de uma aranha-lobo, também conhecida como tarântula-ibérica ou tarântula-hispânica (Lycosa cf. hispanica), ou seja, a confirmar.

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

É difícil de perceber pela foto, mas o meu palpite seria que esta é uma fêmea de Lycosa cf. hispanica.

A produção de veneno é parte da história evolutiva de todas aranhas, embora alguns grupos tenham perdido essa capacidade.

A aranha em questão não pertence a este grupo e produz veneno. O que o leitor quererá possivelmente saber é se é perigosa.

A resposta será que é bastante perigosa para os insectos de que a aranha se alimenta, mas não será perigosa para humanos. Particularmente se a espécie não for perturbada.

Aranhas são animais tímidos de hábitos esquivos, que só vemos se formos de facto merecedores e prestarmos atenção ao que nos rodeia. A enorme maioria das espécies tem bocas demasiado pequenas que fisicamente não são capazes de nos morder (tal como eu não sou capaz de morder o tampo de uma mesa) ou de perfurar a pele humana (que ainda é bastante grossa em quase todo o corpo). Mas mesmo quando a mordedura ocorrre, os sintomas serão ou nulos ou negligenciáveis. Nestas espécies o medo, causado pelo transtorno ou choque, é bem mais perigoso que a mordedura.

Ninguém morre de mordedura de aranha em Portugal (ou mesmo na Austrália), mas a aracnofobia mata todos os dias.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.