Gaiola-de-bruxa. Foto: Susana C. Gonçalves

Que espécie é esta: gaiola-de-bruxa

Anjos Martins deparou com algo de aspecto estranho em Julho passado, enquanto cultivava na região do Porto, e pediu ajuda para identificar.

“Planta ou fungo? Encontrei na horta, entre cebolas e espinafres, este espécime. Não conheço”, referiu.

Cogumelos Clathrus ruber. Foto: Anjos Martins

Trata-se na verdade de um fungo da espécie Clathrus ruber, conhecido pelos nomes comuns de gaiola-de-bruxa ou lanterna-das-bruxas.

Espécie identificada e texto por: Susana C. Gonçalves, investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.

Este cogumelo de aspecto alienígena alimenta-se de matéria vegetal em decomposição. É normal encontrá-lo nas hortas, sobretudo se o solo se encontrar coberto por palha ou casca de pinheiro.

Foto: Anjos Martins

Quando atinge a maturidade, o Clathrus ruber é uma espécie fácil de identificar devido ao seu aspecto característico de bola oca com uma superfície reticulada, mais ou menos vermelha, e com um cheiro nauseabundo.

Cogumelo da espécie Clathrus ruber, já seco. Foto: Susana C. Gonçalves

Em contrapartida, quando este fungo é ainda muito jovem, tem o aspecto de um ovo mole, esbranquiçado, coberto por uma membrana fina e preso ao solo por cordões chamados rizomorfos. Depois, à medida que o cogumelo se expande, a membrana vai-se rompendo para revelar a rede, mas permanece na base da estrutura, envolvendo-a.

Se observarem mais perto, verão que na face interna da estrutura em rede existe uma massa pegajosa escura (a gleba), que contém os esporos.

No caso do Clathrus ruber, esta gleba tem uma função engenhosa: o cheiro forte a carne podre atrai moscas e outros insectos, para ajudar a dispersar os esporos.

Vídeo: Susana C. Gonçalves

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.