Que espécie é esta: percevejo Melanocoryphus albomaculatus

O leitor Pedro Bernardo fotografou este insecto em Fernão Ferro a 13 de Abril e quis saber qual a espécie a que pertence. Rui Félix responde.

 

“Que tipo de percevejo é este e quais são os potenciais danos causados em culturas?”, perguntou o leitor à Wilder, indicando ainda que o insecto foi fotografado na Quinta do Conde.

 

 

Trata-se do percevejo Melanocoryphus albomaculatus.

Espécie identificada por: Rui Félix, Rede de Estações da BiodiversidadeTagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

Este percevejo é um Melanocoryphus albomaculatus (Goeze, 1778) e pertence à família Lygaeidae.

Os representantes da família Lygaeidae, subfamília Lygaeinae, são geralmente fitófagos granívoros, e apresentam predileção por plantas venenosas, em particular por espécies da família das Apocynaceae, como por exemplo as espécies de Gomphocarpus, Nerium, Vincetoxicum, Cynanchum, atacando vários orgãos das plantas, preferencialmente as sementes.

Esses insetos, provavelmente tóxicos para predadores em potencial, já que acumulam estas substâncias das plantas que consomem, têm em comum um sistema de coloração brilhante, (preto e vermelho, frequentemente variado de laranja e branco) com alto valor de aviso para estes potenciais predadores (coloração Aposemática).

É possível ficar a saber mais sobre Aposematismo aqui.

A título de curiosidade, é frequente encontrar indivíduos desta família em produções de Solanaceae, como por exemplo tomate, pimento e batata, não havendo registo que possam ser prejudiciais a estas culturas.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.