Que espécie é esta: tecedeira-de-veludo

O leitor Paulo Madeira Marques encontrou esta aranha a 11 de Agosto em Porto Covo, e pediu ajuda na identificação. Sérgio Henriques responde.

“Fotografei hoje, dia 11 de Agosto, em Porto Covo esta bonita aranha. Conseguem identificar?”, escreveu Paulo Madeira Marques à Wilder.

Esta parece ser uma tecedeira-de-veludo (Agalenatea redii).

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

Esta é uma espécie que ocorre um pouco por todo país e está amplamente distribuída na Eurásia e Norte de África.

Normalmente é encontrada no meio da sua teia radial ou escondida num dos seus cantos. Aí constrói um abrigo de folhas enroladas, pequenos ramos ou outros pedaços de vegetação para se esconder dos predadores ou dos elementos.

Por vezes, a sua coloração permite-lhe passar completamente despercebida, mesmo quando em vez de um abrigo constrói uma simples pequena manta de seda, completamente a céu aberto, onde este pequeno predador se senta a descansar, apanhar sol ou a aguardar a sua presa.

Este comportamento é, por vezes, observado em flores secas, como por exemplo umbelas ou cardos, que têm a mesma coloração desta espécie.

A sua coloração é, no entanto, muito variável, mas dentro de padrões bem delimitados, sendo por isso denominada de polimórfica. Este animal tem cinco padrões que nesta espécie se denominam de alpha, gamma, delta pequeno, epsilon e zeta. O exemplar na foto é uma zeta e pode ler-se mais sobre este fenómeno nesta espécie aqui.

Estes padrões estão presentes tanto em machos como em fêmeas e durante a época de acasalamento estes podem ser vistos juntos no abrigo da fêmea. Uma vida conjugal que ainda mantêm por bastante tempo.

Os ovos são protegidos por um casulo de seda que a fêmea produz no fim da Primavera e as crias desenvolvem-se ao longo do Verão e Outono, ficando com a mãe durante várias etapas de crescimento, por vezes até serem sub-adultas, o equivalente em humanos a viver em casa dos pais até aos 30 anos, chegando a passar o Inverno juntas (falando destas aranhas, embora possivelmente muito pré-adultos humanos tambem o façam).

Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.