Campanha que está a limpar Estuário do Sado precisa de voluntários para o fim-de-semana

A campanha que, desde Março de 2016, já tirou mais de 40 toneladas de lixo do Estuário do Sado tem nova acção marcada. Voluntários precisam-se para recuperar a Caldeira de Tróia, de 11 a 13 de Agosto.

 

A acção vai acontecer durante a Festa da Nossa Senhora do Rosário da Comunidade Piscatória do Estuário do Sado, uma grande festa que leva a Tróia centenas de pessoas. “É uma grande oportunidade para, ao longo dos três dias de festa, sensibilizar um grande número de pessoas ligadas à pesca no estuário do Sado e costa adjacente para não deixarem no mar as embalagens de plástico de sal que usam para mariscar o lingueirão”, explica a Ocean Alive, organizadora da campanha Mariscar Sem Lixo.

A Ocean Alive precisa de 60 voluntários para limpar as margens da Caldeira de Tróia em locais identificados de acumulação de plástico e para sensibilizar os participantes da festa nos acampamentos e os mariscadores.

Na festa do ano passado, 66 voluntários ajudaram a sensibilizar 269 mariscadores e 557 participantes da festa. Foram ainda retiradas do local mais de uma tonelada de lixo e 1.746 embalagens de sal.

A Caldeira de Tróia é um dos pontos onde a campanha se concentra, porque é sítio de mariscagem e porque os ventos e as correntes empurram o lixo para ali. Esta é uma laguna costeira que enche e esvazia com as marés, tem um fundo lodoso e está rodeada de sapal e pinhal. Esta reentrância do estuário do Sado é considerada de grande importância ecológica e está integrada na rede de sítios prioritários para a conservação da natureza na Europa. “É considerada uma maternidade de vida marinha e oferece abrigo e alimentação a muitas aves marinhas”, como os pilritos, os fuselos, garças e mesmo aves migradoras como os murganhos, segundo a Ocean Alive.

A campanha Mariscar SEM Lixo alerta para o problema global do plástico no oceano e tem como objetivo sensibilizar os mariscadores do lingueirão para não deixarem no areal as embalagens vazias de sal fino que utilizam para capturar este bivalve.

O projeto desenvolve acções mensais de limpeza das margens do estuário do Sado, acções de sensibilização direta aos mariscadores e comunidade piscatória e a criação de uma rede de agentes locais para promover soluções que evitem o lixo da mariscagem, como a colocação de contentores de lixo e ecopontos, nos locais de mariscagem.

Desde 2017, a Ocean Alive conta com o patrocínio da Fundação Oceano Azul e do Oceanário de Lisboa, através do apoio à realização de grandes ações de sensibilização, como a campanha ”Mariscar SEM Lixo”, e à criação de uma rede de agentes de sensibilização da comunidade piscatória local, na sua maioria mulheres de pescadores, promovendo assim boas práticas que protejam as pradarias marinhas do plástico e do lixo da pesca e da mariscagem.

A Ocean Alive é uma organização sem fins lucrativos que pretende “transformar comportamentos para a protecção do oceano, nomeadamente das pradarias marinhas do estuário, através da educação marinha e do envolvimento das comunidades costeiras locais”.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Mais informações e inscrições: [email protected]  

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.