Foto: Ocean Alive

Campanha que já tirou 26 toneladas de lixo do Sado está à procura de voluntários

As 24 acções da campanha “Mariscar SEM Lixo”, da Ocean Alive, já retiraram mais de 26 toneladas de lixo do Estuário do Sado. A próxima está marcada para os dias 12, 13 e 14 de Agosto e precisa de voluntários.

 

A próxima acção acontecerá durante a Festa da Nossa Senhora do Rosário de Tróia e pretende “sensibilizar um grande número de pessoas ligadas à pesca na região do estuário do Sado”, explica a Ocean Alive em comunicado divulgado hoje. Entre essas pessoas estão os mariscadores de lingueirão ou peixe-navalha (Solen marginatus) que deixam no estuário as embalagens de sal vazias. “Um dos problemas desta actividade são as milhares de embalagens de sal que, ao longo de décadas, foram deixadas na maré”, segundo a Ocean Alive. “A actividade da mariscagem é uma importante fonte de contaminação por plástico do estuário.”

Durante esses três dias de Agosto serão formadas várias equipas de voluntários que irão limpar as margens da Caldeira de Tróia e zona adjacente e ajudar a sensibilizar os participantes da festa para a importância de um estuário do Sado limpo.

Desde Março de 2016 que todos os meses se realiza uma ou mais acções desta Campanha. Nas 24 acções realizadas com o apoio de voluntários e das entidades locais, participaram 1.562 voluntários que abordaram 1.425 mariscadores e que retiraram do estuário do Sado 33.795 embalagens de sal e mais de 26 toneladas de lixo.

Entre 50 e 80% do lixo nas zonas costeiras do planeta é lixo plástico, segundo um relatório sobre plásticos nos oceanos publicado em 2014 pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN), através do seu Programa Global Marinho e Polar. “A sua presença foi detectada desde as profundezas dos oceanos às zonas costeiras de todos os continentes.” Os tipos de lixo mais encontrados são tampas de garrafas, garrafas, sacos, embalagens, copos, pratos e talheres e palhinhas.

No caso do Estuário do Sado, um dos grandes problemas é o das embalagens de sal usadas para apanhar o lingueirão e que são deixadas nas areias. Com o tempo, as embalagens vão-se deteriorar e transformar-se em pequenas partículas de plástico que acumulam poluentes tóxicos e que acabam por ser ingeridas por peixes, mariscos e golfinhos. Estas partículas – que vão persistir durante décadas ou séculos – “poderão ferir, asfixiar, causar úlceras ou a morte de animais marinhos”, salienta a organização Ocean Alive. Além disso, “parte das embalagens vem dar às praias de Setúbal, Tróia e Arrábida, constituindo também um risco para a saúde pública”.

A Ocean Alive é uma organização sem fins lucrativos que pretende “transformar comportamentos para a protecção do oceano, nomeadamente das pradarias marinhas do estuário, através da educação marinha e do envolvimento das comunidades costeiras locais”.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Inscreva-se aqui até 11 de Agosto para participar nesta limpeza. Neste formulário de inscrição encontrará informações acerca da logística da operação. Consoante a sua disponibilidade poderá indicar preferência pelo turno da manhã ou de dia inteiro.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Raquel Gaspar, da Ocean Alive, ganhou este ano o prémio nacional Terre de Femmes, atribuído pela Fundação Yves Rocher. Leia a entrevista que esta bióloga deu à Wilder e conheça o projecto que quer transformar pescadoras em guardiãs do Estuário do Sado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.