Foto: Joana Bourgard

Censo relâmpago quer saber que plantas são capazes de florir no Inverno

 

Centenas de voluntários em Inglaterra e na Irlanda estão a participar na Caça às Plantas de Ano Novo, de 1 a 4 de Janeiro. Este censo quer saber como estão as plantas a responder às alterações climáticas.

 

Esta já é a nona edição da Caça às Plantas de Ano Novo (New Year Plant Hunt, em inglês) que, para muitos amantes de Botânica, já se tornou uma tradição para entrar no novo ano.

O grande objectivo é registar qualquer planta com flor entre os dias 1 e 4 de Janeiro de 2020. Os resultados serão analisados pela Sociedade Botânica de Inglaterra e Irlanda, organizadora da iniciativa de Ciência Cidadã, para tentar descobrir como as plantas estão a responder a padrões climatéricos em mudança.

Até à manhã de dia 3 de Janeiro já tinham sido registadas 425 espécies diferentes, em 5.180 registos únicos.

No ano passado, esta contagem juntou cerca de 1.500 voluntários – organizados em grupos botânicos, em famílias ou a nível individual – que ajudaram a construir uma imagem mais clara de como as plantas selvagens e naturalizadas estão a responder às mudanças nos padrões climatéricos durante o Outono e o Inverno.

Na contagem de Janeiro de 2019, os voluntários registaram um total de 14.193 plantas em flor, de 627 espécies diferentes (comparadas com as 492 registadas em 2018), em Inglaterra e na Irlanda. Esta “caça” foi realizada em zonas rurais mas também em zonas urbanas, incluindo Londres, Edimburgo, Cambridge, Cardiff, Dublin e Bristol.

No ano passado, as cinco espécies mais registadas foram margaridas, dentes-de-leão, ervas-de-São-Tiago, tojos e relvas-dos-caminhos.

“Ainda não podemos provar que mais espécies estão a florir no Inverno em relação ao passado mas esta iniciativa tem mostrado que em Invernos mais amenos, florescem mais plantas devido às temperaturas mais elevadas e à redução das geadas”, comentou Kevin Walker, coordenador científico da Sociedade Botânica de Inglaterra e Irlanda.

“Ainda não sabemos quais as implicações disto para as plantas e para os insectos que lhes estão associados. Mas o que sabemos é que os padrões climatéricos estão a mudar e que as plantas estão a responder.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Segundo o portal português Flora-on, estão são algumas das plantas que estão agora em flor no nosso país e que pode procurar:

 

Candeia ou capuz-de-frade (Arisarum simorrhinum)

Trevo-azedo-rosa (Oxalis purpurea)

Margarida-do-campo (Bellis annua)

Fumária-maior (Fumaria capreolata)

Narciso-de-Inverno (Narcissus papyraceus)

Urze-branca (Erica lusitanica)

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.