Águia-pesqueira. Foto: Sky-High/Pixabay

Cinco razões para se inscrever no censo e contar águias-pesqueiras

O censo ibérico da águia-pesqueira invernante é já amanhã mas ainda tem tempo para se inscrever. Falámos com João Tomás, um dos organizadores, e compilámos cinco boas razões para sair de casa com os seus binóculos.

Ajudar a recolher dados novos sobre uma espécie emblemática:

Até 2015 não se sabia quantas águias-pesqueiras escolhiam Portugal para passar o Inverno. Desde então, uma iniciativa de cidadãos começou a colmatar lacunas de conhecimento. O quadro está longe de concluído porque são precisos mais anos de observações, mas já podemos dizer que serão cerca de 180 as águias-pesqueiras que invernam no nosso país. Quantos mais dados, melhor. Além disso terá a satisfação de saber que está a participar num esforço ornitológico que junta, no mesmo dia, centenas de pessoas em Portugal, por toda a Espanha e em algumas áreas de Marrocos.

Águia-pesqueira. Foto: Bernd Lindner/Pixabay

O censo deste ano ainda precisa de voluntários:

Segundo João Tomás, até ontem à noite já estavam inscritas cerca de 130 pessoas. “Este número pode aumentar, com as pessoas que aparecem no próprio dia sem se inscrever”, salientou. Ainda assim, há zonas do país que ainda não têm voluntários suficientes para contar águias-pesqueiras. Tal é o caso do Estuário do Sado, Lagoa de Melides e algumas albufeiras do Alentejo.

É fácil participar:

Para ir contar águias-pesqueiras basta enviar um email para a organização: [email protected]. Depois, os responsáveis propõem qual o melhor local para visitar, por exemplo, qual o mais acessível, e põem-no em contacto com os coordenadores das equipas no terreno. Amanhã, é só aparecer. Segundo João Tomás, “ainda é possível inscrever-se até à meia-noite de sexta-feira”. O trabalho a fazer não é complicado. Basta registar o número de aves que descobrir, o seu comportamento (se estão em voo ou pousadas) e a hora da observação. Se conseguir, o ideal é tirar uma fotografia à ave. E se conseguir captar a anilha que algumas podem ter, tanto melhor.

… e a águia-pesqueira também dá uma ajuda:

O seu objectivo será encontrar e registar estas aves, distribuídas por todo o país, mas mais concentradas em sete locais: Ria de Aveiro, Vale do Tejo (entre Constância e Vila Franca de Xira), lezírias do Estuário do Tejo, restante área do Estuário do Tejo, Estuário do Sado, Albufeira de Alqueva e Ria Formosa. A boa notícia é que estas serão das águias mais fáceis de identificar. “É uma águia de dimensões médias e uma das mais fáceis de não confundir, por causa do seu padrão de cor”, explicou João Tomás. Além disso, tem por hábito, depois de pescar, pousar em sítios visíveis como postes ou troncos no meio da água. “Basta estar pousada para ser fácil de identificar e observar.”

Dica: Saiba aqui como identificar a espécie.

Águia-pesqueira. Foto: Skeeze/Pixabay

Fazer felizes os amantes da águia-pesqueira do resto da Europa:

A águia-pesqueira é uma ave muito emblemática e amada pelas pessoas do Centro e Norte da Europa. “É uma ave que gera um sentimento positivo nos países onde nasceu, como na Grã-Bretanha por exemplo”, explica João Tomás. As pessoas “ficam muito contentes por descobrir aqui as aves que tratam por tu, graças aos emissores e anilhas permitem identificar os indivíduos”.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba mais sobre a 4ª edição do Censo da Águia-pesqueira Invernante aqui.

Além da população invernante de águia-pesqueira em Portugal, em anos mais recentes surgiram registos de nidificação desta espécie, alvo de um projecto de reintrodução. Recorde o que aconteceu, tanto em 2015 como em 2016.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.