Como fotografar anfíbios no Inverno

Quando fotografar, os melhores locais e o equipamento e técnicas mais adequadas para captar estes maravilhosos animais, pelo biólogo e fotógrafo de natureza Daniel Santos.

 

Em Portugal existem 18 espécies nativas de anfíbios espalhadas por todo o território, algumas com cores vibrantes, outras com comportamentos curiosos. São, por isso, animais extraordinariamente interessantes.

Ainda assim, são frequentemente vítimas de superstições sem sentido. A fotografia é uma excelente forma de contrariar essas ideias e mostrar a beleza destes animais e a sua importância para os ecossistemas.

Aqui ficam algumas dicas que o podem ajudar a fotografar anfíbios.

 

 

Quando procurar?

Para conseguir boas fotografias de qualquer espécie de anfíbio é importante conhecer o seu padrão de atividade diário e anual e ter em conta que a atividade destes animais está principalmente relacionada com a humidade relativa do ar, precipitação e temperatura.

Quando decidir sair para fotografar estes animais escolha dias húmidos e com temperaturas amenas, já que é nesses dias que os anfíbios estão mais ativos. Isto porque.

A melhor altura do dia é durante o crepúsculo e a noite, períodos em que a maioria das espécies de anfíbios são observadas com maior facilidade. Mas também podem ser observadas durante o dia, especialmente algumas espécies de hábitos mais aquáticos, como os tritões e as rãs.

 

 

Onde procurar?

Em Portugal, os anfíbios ocupam uma grande variedade de habitats, desde áreas agrícolas, a dunas costeiras, bosques e zonas montanhosas até aos 1.960 metros de altitude. No entanto, durante a época de reprodução e fase larvar, encontram-se restritos a locais com alguma humidade e disponibilidade de água.

Para ter sucesso a fotografar uma determinada espécie é importante estudar bem os seus hábitos, aumentando assim a probabilidade de a encontrar.

  

Dicas sobre técnica fotográfica que podem fazer a diferença

Muitas das técnicas para fotografar anfíbios são idênticas às técnicas já abordadas nesteartigo, mas há alguns aspetos a acrescentar.

Fotografar ao nível dos olhos dos animais funciona sempre bem e, geralmente, é a abordagem que eu opto quando fotografo vida selvagem.

 

 

No entanto, ao experimentar outros ângulos pode conseguir imagens diferentes do habitual. Por exemplo, experimente fotografar uma salamandra-lusitânica de cima, contrastando-a com as folhas recentemente caídas.

 

 

Outra questão importante é onde se deve focar, sendo a resposta muito simples: nos olhos. Esteja atento às cores de alguns anfíbios, estas características oferecem excelentes oportunidades para fazer close-ups. Os sapos, normalmente têm olhos coloridos, por isso, da próxima vez que vir um sapo esteja atento.

Outra forma de conseguir fotografias interessantes destes animais, é incluir o habitat da espécie em causa, contextualizando a imagem e fornecendo mais informações sobre a sua biologia.

 

 

Devido aos hábitos maioritariamente noturnos dos anfíbios, o uso de flash pode ser importante. Nesses casos, evite fotografar com o flash montado na câmara e coloque-o antes ao lado, na direção do olhar do animal. Esta pequena alteração, juntamente com um difusor, permite que a luz pareça mais natural.

 

 

 

Cuidados a ter

Uma das premissas mais importantes a ter em conta na fotografia de natureza é que o bem-estar dos animais é sempre mais importante do que qualquer fotografia. Os anfíbios requerem alguns cuidados, pois são suscetíveis de contrair doenças infeciosas extremamente agressivas, que têm destruído populações ou até mesmo espécies por todo o mundo. Um desses exemplos é a quitridiomicose. Estas doenças são facilmente transportadas pelos seres humanos. Por isso, a manipulação dos anfíbios deve ser evitada, principalmente por alguém com pouca experiência.

 

 

Caso o decida fazer, é importante primeiro observar o comportamento do animal, pois este pode estar à procura de alimento ou de parceiro para se reproduzir e, caso se verifique uma destas opções evite importuná-lo.

Não se esqueça de desinfetar as mãos e todos os objetos que possam entrar em contacto com os anfíbios.

O tempo que despende a fotografar deve também ser o mais breve possível, para evitar níveis de stress altos e, no final, deve colocar os animais sempre no sítio exato onde os encontrou.

 

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