Borboleta-preta-zigzag (Hipparchia fidia). Foto: ®Albano Soares

Como saber se uma borboleta é diurna ou nocturna

Se pensa que todas as borboletas nocturnas voam de noite, desengane-se. Afinal, este nem sequer é o termo mais correcto para identificar o maior grupo de insectos lepidópteros, explica a especialista Patrícia Garcia-Pereira.

“A maioria das borboletas nocturnas voam durante a noite, mas muitas voam durante o dia e algumas até são muito coloridas”, explicou à Wilder a presidente do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

Borboleta pequeno-pavão-nocturno (Saturnia pavonia). Foto: Patrick Clement/Wiki Commons

“Mariposas” é aliás o nome que deveríamos chamar às borboletas nocturnas, defende Patrícia Garcia-Pereira, que é também investigadora no cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Mas, avisa, é preciso termos muito cuidado ao falar deste assunto em espanhol: é que nesta língua, “mariposas” significa “borboletas diurnas”.

Por outro lado, o termo “traças” para as nocturnas acaba por ser redutor e com algumas conotações negativas, nota.

Mas qual é a melhor maneira de sabermos a que grupo pertence uma borboleta? Muito simples: “É uma questão de estarmos atentos às antenas.”

“As antenas das borboletas diurnas são sempre do mesmo tipo: terminam numa bolinha e são filiformes (lineares). As das nocturnas são o mais diversas possível – em forma de pente ou filiformes, por exemplo – e não têm bolinha no final”, nota.

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Borboleta diurna almirante-vermelho (Vanessa atalanta). Foto: Kristian Peters / Wiki Commons

A forma das antenas traduz-se aliás no nome dos dois grupos científicos. Rhopalocera, o grupo das borboletas diurnas, significa que têm as antenas (cera) em forma de maça (rhopalo), descreve o catálogo da exposição Insectos em Ordem. Já o grupo Heterocera, das nocturnas, quer dizer que têm antenas (cera) com diferentes formas (hetero).

Para que servem? São muito importantes para o olfacto das borboletas, que assim identificam o perfume das flores, por exemplo, e acredita-se que ajudam algumas espécies a orientarem-se durante as viagens de migração.

Borboleta-colibri (Agrius convolvuli), uma borboleta nocturna que voa de dia. Foto: Charles J. Sharp/Wiki Commons

Outra pista para identificar qual o tipo de borboleta são as asas: as diurnas costumam fechar as asas quando pousam, colocando-as na vertical, o que não acontece para quase todas as espécies do outro grupo.

Mundialmente, estima-se que há entre 160.000 a 175.000 espécies, tanto borboletas diurnas como nocturnas, todas elas agrupadas na ordem dos lepidópteros.

Em Portugal, tal como no resto do mundo, a esmagadora maioria das borboletas são nocturnas, com cerca de 2.600 espécies inventariadas. Já o pequeníssimo grupo das diurnas representa à volta de 135 espécies.

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Aprenda a identificar a pequeno-pavão-nocturno, a grande-pavão-nocturno e a colibri-riscada, três das espécies de borboletas nocturnas identificadas na secção Que Espécie é Esta, da Wilder.

E agora que estão a chegar os dias mais quentes, procure identificar estas cinco espécies de borboletas diurnas que ocorrem em Portugal.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.