Acção da Ocean Alive, envolvendo Raquel Gaspar e pescadoras do Estuário do Sado. Foto: D.R.

Comunidades locais estão a retirar redes do fundo do estuário do Sado

A missão de recuperar o estuário do Sado, nomeadamente o cais palafítico da Carrasqueira, envolve a comunidade local desde 2017. Uma nova acção de limpeza vai acontecer a 1 de Março, anunciou a organização Ocean Alive.

 

O estuário do Sado, uma das zonas húmidas mais importantes de Portugal, é um refúgio de biodiversidade e um local crucial para inúmeras espécies selvagens, como flamingos, golfinhos, pilritos, caranguejos-eremita, búzios, sargos, peixes-rei, tainhas e salemas.

Desde 2017 que a cooperativa Ocean Alive trabalha com a comunidade local para recuperar o estuário, libertando-o do lixo acumulado.

A 1 de Março acontece uma acção de limpeza, que apela à ajuda de todos, para retirar as redes do fundo do cais palafítico da Carrasqueira e para limpar as margens do estuário.

Este esforço começou há cerca de três anos quando “retirar as redes caídas no fundo do cais palafítico da Carrasqueira parecia coisa impossível”, conta a Ocean Alive em comunicado.

“Fizemos vários ensaios, encontrámos soluções e um dia, em Outubro de 2017, cortámos as redes aos pedaços e retirámo-las do lodo com a comunidade piscatória e voluntários.”

Como resultado, metade do fundo do cais ficou limpo.

“Mais tarde, os pedaços das redes foram lavados com água do estuário e, a pouco e pouco, o chumbo tem sido removido por voluntários e pela comunidade.”

A maior parte das redes ainda aguarda um encaminhamento mas, segundo a Ocean Alive, em breve uma parte seguirá para Braga, para se transformar em calçado.

 

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Choco, uma das espécies que usam o Estuário do Sado como berçário. Foto: Amada44/Wiki Commons

 

Contudo, apesar de a paisagem do cais estar diferente, graças a este esforço de limpeza, o trabalho ainda não acabou. É preciso “trabalhar em conjunto para retirar as restantes redes do fundo do cais”.

A acção de limpeza que acontecerá a 1 de Março começou a ser preparada em Novembro passado, com a comunidade piscatória local e com vários parceiros para encontrar “soluções para os desafios de retirar, lavar e recuperar as redes”.

Em Dezembro, a Ocean Alive fez uma acção de limpeza das margens do cais com as crianças do Centro Escolar da Comporta e suas famílias. “Em Janeiro e Fevereiro levámos as crianças a “mergulhar” nas pradarias marinhas para as apaixonar pelo estuário que é delas.”

Na limpeza a 1 de Março, os voluntários terão transporte de Setúbal-Tróia-Setúbal e almoço para um número limitado de participantes. As inscrições estão abertas até dia 27 de Fevereiro às 12h00.

A Ocean Alive é uma organização sem fins lucrativos que pretende “transformar comportamentos para a protecção do oceano, nomeadamente das pradarias marinhas do estuário, através da educação marinha e do envolvimento das comunidades costeiras locais”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.