Foto: Ocean Alive

Dezenas de voluntários tiraram mais de uma tonelada de lixo do Sado

A pouco e pouco o Estuário do Sado vai ficando mais limpo. A última acção de limpeza da Ocean Alive, a 30 de Março, juntou 74 voluntários que recolheram 1.191 quilos de lixo.

 

Em 10 locais espalhados pelo estuário, os voluntários recolheram um total de 1.191 quilos de lixo, dos quais 338 são recicláveis. Além disso foram recolhidas 3.681 embalagens de plástico de sal vazias, usadas pelos mariscadores para apanhar o lingueirão.

Ao longo dos últimos dois anos, através de acções mensais, a Ocean Alive, organização sem fins lucrativos, tem promovido a visão “de um estuário do Sado limpo e mantido por todos”. Até agora, esta campanha já organizou 30 acções de limpeza e recolheu mais de 37 toneladas de lixo e cerca de 45 mil embalagens de sal vazias.

A Campanha “Mariscar SEM Lixo” começou em Março de 2016, na Sexta-feira Santa, por tradição o grande pico anual de afluência de mariscadores no estuário, sítio da Rede Natura 2000 e casa da única população de golfinhos residente no nosso país. O grande objectivo é retirar o lixo marinho do Estuário do Sado, envolvendo a sociedade, e acabar com o mau hábito dos mariscadores do lingueirão e do casulo em deixar as embalagens de sal na maré.

Mas o problema do estuário não se resume a estas embalagens. Há muitos tipos de lixo que se vão acumulando nas margens do Sado. Segundo disse à Wilder Raquel Gaspar, coordenadora da iniciativa e da Ocean Alive, “o lixo que podemos encontrar no Estuário do Sado vem do rio, tendo origem em toda a bacia do Sado. “Tem origem nos rios e ribeiras afluentes do Sado, mas também das cidades, das estradas, das indústrias, da agricultura, da pesca e mariscagem e da ocupação das praias”, explicou. “Hoje sabe-se que, em média, 80% do lixo no mar vem da terra”, acrescentou.

Para 2018, a Ocean Alive prevê outras grandes acções, especialmente em Junho e Julho, e pretende aumentar a rede de mulheres da comunidade piscatória, as Guardiãs do Mar. Um dos maiores desejos é continuar a aumentar o número de agentes locais que apoiam esta campanha, actualmente 43.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Em Agosto de 2017 falámos com Raquel Gaspar, a coordenadora da iniciativa e da cooperativa Ocean Alive, sobre um ano de limpeza no Estuário do Sado. Leia aqui o que foi conseguido até agora.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.