borboleta pousada num ramo
Foto: Joana Bougard/Wilder

Mais de 30.000 ingleses andam a contar borboletas para ajudar os cientistas

Já teve início a Big Butterfly Count (Grande Contagem de Borboletas, em português), uma contagem anual de borboletas que se realiza por todo o Reino Unido e que junta muitos milhares de interessados numa iniciativa de ciência cidadã que se afirma como a maior deste género em todo o mundo.

 

Quantas borboletas e de que espécies se observam durante 15 minutos? Este é o desafio lançado pela Big Butterfly Count, que teve início na última sexta-feira, 14 de Julho, e se prolonga até 6 de Agosto.

O objectivo é perceber se o número de borboletas está a aumentar ou a diminuir no Reino Unido, uma vez que estes insectos “reagem muito depressa ao seu ambiente, o que os torna excelentes indicadores de biodiversidade”, explica o site do projecto, organizado pela associação britânica Butterfly Conservation.

Outra das razões é ajudar os cientistas a descobrir quais são as tendências em determinadas espécies, para ajudar a salvá-las da extinção, e entender os efeitos das mudanças climáticas sobre o mundo natural.

Qualquer interessado, desde que esteja no Reino Unido, pode participar. Jardins, parques e bosques são os locais mais aconselhados pelos responsáveis por esta iniciativa de ciência cidadã, que divulga também informação para ajudar a identificar as diferentes espécies.

Desde 1976, quando  começou a monitorização de borboletas no Reino Unido, a abundância de espécies comuns caiu cerca de 25%, o que afectou principalmente espécies na altura muito comuns como a borboleta-pavão (Inachis io), adianta o The Guardian. Foi nas cidades que se fez sentir o maior declínio.

Em 2016, a Big Butterfly Count teve 36.400 participantes por todo o Reino Unido, mas as notícias não foram boas: foi o quarto pior ano desde que teve início a monitorização científica destes insectos e o pior desde que começaram estas contagens, em 2010.

“Na última década as nossas borboletas viveram vários anos pobres e embora sejam resilientes, simplesmente não conseguem enfrentar perdas repetidas, especialmente se os habitats de que precisam para reconstruir as suas populações estão ameaçados”, lamentou David Attenborough, presidente da Butterfly Conservation, ouvido pelo jornal britânico.

Para além da destruição dos habitats, os cientistas acreditam que também as mudanças climáticas e os químicos usados na agricultura estão a contribuir para o declínio de várias espécies, mas estão ainda a procurar entender o que se passa.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.