Naturalistas locais registaram as espécies que há para ver no rio Fervença

Borboletas, abelhas, gafanhotos, escaravelhos e lagartixas fazem parte da lista de espécies que podemos encontrar num passeio de 750 metros na cidade de Bragança, no passadiço ao longo do rio Fervença. A saída de campo destas oito pessoas ajudou a conhecer melhor a biodiversidade local.

 

O desafio foi lançado pelo Centro Ciência Viva de Bragança e oito pessoas responderam. Assim, no sábado passado, dia 18 de Junho, estes naturalistas locais procuraram durante cerca de duas horas a vida selvagem à porta de casa.

Ângela Cordeiro é bióloga na Associação Aldeia e foi quem orientou a saída de campo. “O grande objetivo era a observação de espécies de borboletas diurnas mas, esporadicamente, fomos identificando outras espécies”, explicou à Wilder.

 

Início do percurso. Foto: Ângela Cordeiro/Associação Aldeia
Início do percurso. Foto: Ângela Cordeiro/Associação Aldeia

 

Dez espécies de borboletas, abelhas, uma lagartixa-ibérica, gafanhotos e escaravelhos foram algumas das espécies observadas e que ajudam a fazer daquelas margens do rio Fervença um local entusiasmante para quem gosta de descobrir os mistérios do mundo natural em ponto pequeno.

 

Foto: Centro Ciência Viva de Bragança
Foto: Centro Ciência Viva de Bragança

 

O percurso urbano de 750 metros começou junto ao edifício sede do Centro de Ciência Viva de Bragança e seguiu o passadiço ao longo do Rio Fervença. “Este pequeno percurso faz parte do corredor verde do Fervença, um elemento de referência na vivência da cidade, marcado pela presença do rio e pela perspectiva que se abre sobre o Monte São Bartolomeu”, acrescentou Ângela. A cidade de Bragança desenvolveu-se mais na margem esquerda do rio e o Monte domina a margem direita.

 

Foto: Ângela Cordeiro/Associação Aldeia
Foto: Ângela Cordeiro/Associação Aldeia

 

A maior parte do percurso fez-se por um passadiço de madeira sobre estrutura de ferro. Ali “a vegetação acompanha as margens do rio, em taludes e canteiros organizados em socalcos, alguns deles antigas ou atuais hortas”. As margens estão “cobertas de vegetação herbácea espontânea e/ou cultivada”, com arbustos e árvores de várias espécies.

 

Foto: Ângela Cordeiro/Associação Aldeia
Foto: Ângela Cordeiro/Associação Aldeia

 

Aqui fica a lista de espécies observadas e registadas durante esta saída de campo que Ângela Cordeiro nos enviou:

Borboletas diurnas:

– Maravilha – Colias croceus (forma hélice)

– Maravilha – Colias croceus (forma amarela)

– Azul-comum – Polyommatus icarus

– Borboleta-grande-da-couve – Pieris brassicae

– Borboleta-pequena-da-couve – Pieris rapae

Acobreada – Lycaena phlaeas

Melitaea deione

– Almirante vermelho europeu – Vanessa atalanta

Euchloe crameri

– Loba-Maniola jurtina

 

Outros insetos:

– Ordem: Orthoptera (gafanhotos)

– Ordem: Diptera (moscas e mosquitos)

– Ordem: Coleoptera (coleópteros)

– Ordem: Hymenoptera (abelhas, vespas e formigas)

 

Plantas:

– sabugueiro – Sambucus nigra

– figueira – Ficus carica

– couve – Brassica oleracea (associada à borboleta-grande-da-couve)

– funcho – Foeniculum vulgare

– papoila – Papaver rhoeas

– erva-prata – Paronychia argentea

 

Répteis:

– lagartixa-ibérica – Podarcis hispanica

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Aproveite os dias de Sol do Verão para descobrir as espécies selvagens que vivem perto de si. Pode aproveitar as cerca de 40 Estações de Biodiversidade espalhadas de Norte a Sul do país ou explorar o jardim do seu bairro.

Neste momento há a decorrer vários censos de vida selvagem que precisam de naturalistas empenhados. Um deles é o censo ao escaravelho vaca-loura e outro o censo aos seres gelatinosos que ocorrem nas nossas praias.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.