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Paulo e Fernando, irmãos que se juntaram para plantar uma floresta em Vila Verde

Paulo e Fernando Barbosa, de 48 e 44 anos respectivamente, são dois irmãos que cresceram numa aldeia rodeada de bosques. Hoje estão a plantar carvalhos, sobreiros e castanheiros em mais de dois hectares que passaram pelas mãos do fogo em Vila Verde (distrito de Braga).

 

 

O que o Paulo e o Fernando fazem pela floresta?

Paulo vive em Braga e é sócio-gerente e fundador da empresa Flogistica Desenvolvimento Florestal, Lda com 20 anos de experiência florestal profissional. O irmão Fernando vive no Porto e é promotor da proposta “Projecto de florestação da Fraga de Cima”. Ambos são entusiasta da natureza e do património natural e histórico. Recentemente juntaram-se para reconverter uma área ardida com cerca de 2,5 hectares em Fraga de Cima, Valbom S. Pedro, Vila Verde.

Nesse terreno – onde existem poucos pinheiros centenários, eucaliptos e matos de codessos e tojo – vão plantar espécies autóctones da região, nomeadamente Quercus Robur, Quercus suber e Castanea Sativa.

“Tendo em conta a sua grande exposição sobre o vale do Homem e o seu enquadramento paisagístico privilegiado, esperamos que seja um projecto de grande visibilidade junto das populações locais, sirva de exemplo de boas práticas contra incêndios a seguir nos terrenos limítrofes e possa ser um ponto importante de educação ambiental juntos das escolas ou outros públicos entusiastas pela natureza.”

 

Por que razão o fazem?

Paulo e Fernando nasceram e foram criados numa aldeia sempre rodeada de bosques de carvalhos, sobreiros e alguns pinheiros.

Nos últimos anos, e por motivos profissionais e familiares, tiveram percursos diferentes que os afastaram um pouco das árvores. Ainda assim “sempre tivemos uma ideia sólida da floresta que temos e daquela que queremos”, contam à Wilder.

Todos os anos, especialmente em épocas de incêndios florestais, sentem despertar um “enorme sentimento de impotência e distanciamento do mundo rural real”. Até que decidiram “deitar mãos à obra e traçar o caminho futuro de uma ‘nova’ floresta”.

Esta “nova” floresta não é mais que “devolver ao terreno de terra queimada de pinheiros e eucaliptos, a ancestral e duradoura floresta de árvores autóctones portuguesas, nomeadamente carvalhos, sobreiros e castanheiros”.

“Estamos motivados para que, durante os próximos anos, essa floresta surja de novo, cresça e apareça. Seja cuidada por nós durante a maior parte do ano e seja acompanhada no seu crescimento pelos nossos filhos e quem sabe… pelos nossos netos, numa cadeia geracional de transmissão de conhecimento, prazer e vida.”

 

[divider type=”thick”]Série Wilder Cuidadores de Florestas

Inspire-se nesta série que criámos para si, para lhe mostrar os portugueses que estão a cuidar das florestas ao longo de todo o ano. Falámos com os responsáveis por alguns dos melhores projectos de prevenção de fogos e de enriquecimento de florestas e ouvimos as histórias de cidadãos que arregaçam as mangas pelas árvores. Estes são os Cuidadores de Florestas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.