um pisco de peito ruivo no ramo de uma árvore
Pisco-de-peito-ruivo. Foto: Wolfgang Vogt/Pixabay

Tire 15 minutos para contar as aves, esteja onde estiver

O desafio chama-se ‘Great Backyard Bird Count’ (Grande Contagem de Aves nos Quintais, em português) e vai realizar-se de 16 a 19 de Fevereiro. Começou por realizar-se na América do Norte mas hoje estende-se a mais de 100 países do mundo, incluindo Portugal.

 

“Não podia ser mais fácil”, desafia a Birdlife International. “Para participar, só precisa de contar as aves que vê pelo menos durante 15 minutos, num ou mais dias da contagem, e introduzir o resultado em birdcount.org.”

Esta iniciativa de ciência cidadã permite aos cientistas compararem dados de várias regiões do mundo sobre a evolução das populações de aves ao longo de mais de duas décadas, desde que a contagem se realizou pela primeira vez em 1998.

 

Melro (Turdus merula). Foto: Wisniowy/Wiki Commons

 

“A Great Backyard Bird Count é uma boa maneira de apresentar às pessoas a participação na ciência comunitária”, diz Gary Langham, vice-presidente da norte-americana National Audubon Society, uma das entidades que organizam este censo.

“Mais nenhum programa permite aos voluntários tirarem um retrato instantâneo das populações globais de aves, que pode contribuir para o nosso entendimento de como as mudanças climáticas estão a afectar estes animais.”

Apesar do nome da iniciativa, não é preciso ser-se dono de um quintal para colaborar nesta acção. Basta dar um breve passeio no bairro ao pé de casa e estar de olho (ou de ouvidos abertos) nas aves que cruzam o caminho, afirma a organização, de que também fazem parte o Cornell Lab of Ornithology e a Bird Studies Canada.

 

uma ave da espécie dom fafe, pousada num ramo
Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula). Foto: Francis C. Franklin

 

Quando começou, em 1998, a Great Backyard Bird Count só teve colaborações de pessoas nos Estados Unidos e no Canadá, que ainda assim submeteram 13.500 registos.

Passadas duas décadas, em 2017, participaram 240.418 cidadãos de mais de 100 países, que submeteram 181.606 registos, num total de 6.259 espécies. “Mais de metade das espécies que são conhecidas em todo o mundo”, sublinham os responsáveis pela iniciativa.

 

borrelho-de-coleira-interrompida, na maré baixa
Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus). Foto: Ken Billington/Wiki Commons

 

Em Portugal, na edição do ano passado, foram registadas 225 espécies entre os dias 17 e 20 de Fevereiro, num total de 516 observações – incluindo rolas-do-mar (Arenaria interpres), galinhas d’água (Gallinula chloropus), borrelhos-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), cotovias-montesinas (Galerida theklae), dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) e um bando de bengalis-vermelhos (Amandava amandava), avistado em Elvas. Estes últimos são uma pequena ave exótica.

A Reserva Natural do Paul do Boquilobo foi a zona com mais espécies observadas, nessa contagem (72), seguida da Lagoa dos Salgados (68) e das Lagoas do Tâmega (67).

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Para saber todas as espécies registadas em Portugal, na edição de 2017, pode consultar aqui.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.