sardão
Sardão

Vivos ou mortos. Procuram-se répteis na Ria de Aveiro

Um novo projecto da Universidade de Aveiro (UA) quer conhecer melhor que cobras, lagartos e cágados se podem encontrar na região. Para isso, pedem ajuda a todos os cidadãos.

A Ria de Aveiro está entre os locais mais estudados pelo Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, até por causa da proximidade do local, “mas há uma lacuna que são os répteis”, adianta Victor Bandeira, investigador do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar e da Unidade de Vida Selvagem (UVS).

Assim, desde 1 de Julho que um novo projecto da UVS convida quem encontrar o cadáver de um réptil na área geográfica da Ria de Aveiro a contactar os responsáveis por esta iniciativa através do email ([email protected]). Isto, tendo em vista a recolha do animal ou enviando uma fotografia com a data, local e nome do colector ou observador.

“Caso o cidadão observe um réptil vivo, pode também enviar uma fotografia para o mesmo email, com a respectiva localização e data”, indica uma nota divulgada pela UA.

Está previsto que o projecto dure até ao fim deste ano, mas grande parte dos répteis – vivos ou mortos – deverão avistar-se “com muita sorte até ao final de Outubro”, prevê Victor Bandeira. “Logo que chegam as primeiras noites e os primeiros dias mais frios, estes animais começam a entrar num estado de torpor e deixam de aparecer.”

sardão
Sardão (Timon lepidus). Foto: Arturo Nikolai/Wiki Commons

Muitas das recolhas deverão acontecer em estradas e bermas rodoviárias, uma vez que no calor os répteis procuram o asfalto para apanharem sol e muitos morrem atropelados, admite o mesmo responsável.

Entre as espécies que costumam ser mais observadas na região, contam-se o sardão, a cobra-rateira e a cobra-de-água-viperina, enumera.

cobra-rateira, fotografada de frente
Cobra-rateira (Malpolon monspessulanus). Foto: Mathieu Caunes/Wiki Commons

Para que vão servir os novos dados?

Em primeiro lugar, para fazer mapas da distribuição de cada espécie ao longo da região da Ria de Aveiro, contando para isso com a colaboração dos alunos finalistas da licenciatura de Biologia.

E dependo do número de exemplares recolhidos ao longo dos próximos meses, poderão fazer-se também estudos de dieta e de reprodução, entre outros. “Analisando os cadáveres, conseguimos obter muita informação sobre a ecologia destes animais.”

cobra-de-água-viperina a rastejar sobre uma rocha
Cobra-de-água-viperina (Natrix maura). Foto: Aline Deflorenne/Wiki Commons

Quem informar sobre o local onde encontrou um réptil morto ou enviar a fotografia não fica de mãos a abanar. “Dependendo dos dados que enviarem, podemos dizer às pessoas a identificação da espécie e acrescentar outros dados e curiosidades”, promete o responsável pelo projecto.

Em menos de 15 dias, Victor Bandeira diz que já recolheram vários cadáveres e também receberam algumas fotografias de répteis vivos e mortos. Mas se a informação entretanto conseguida for insuficiente, está pronto para repetir a mesma iniciativa em 2020 e também em 2021.


Saiba mais.

Conheça mais sobre a cobra-rateira, sobre a cobra-de-água-viperina e também sobre o sardão, répteis que já foram identificados dentro da série “Que espécie é esta”.

Recorde também outras sete iniciativas com que pode ajudar os cientistas este Verão.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.