Andorinhões-preto. Foto: Keta/Wiki Commons

Andorinhões-pretos voam 20.000 quilómetros nas suas migrações para África

Todos os anos, os andorinhões-pretos (Apus apus) viajam mais de 20.000 quilómetros desde a Península Ibérica até África, revelou na semana passada a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife), graças às tecnologias de geolocalização.

 

O andorinhão-preto é uma das três espécies de andorinhões que ocorrem em Portugal. Podemos vê-lo de Março a Outubro de Norte a Sul do país. Apesar de serem aves comuns na Península Ibérica, até há bem pouco tempo não se sabia onde passavam o Inverno.

Para descobrir mais sobre as rotas migratórias destas aves, o Programa Migra da SEO/Birdlife colocou, desde 2012, geolocalizadores em 41 andorinhões-pretos no município madrileno de Nuevo Baztán.

 

Foto: SEO/Birdlife

 

Na sexta-feira foram revelados os resultados desta monitorização. Agora sabe-se que, quando chega o Outono, os andorinhões abandonam as suas zonas de nidificação em Espanha, atravessam o deserto do Saara e, depois de voarem 9.000 quilómetros, chegam ao seu primeiro local de invernada entre os Camarões e a República Democrática do Congo.

“Em Dezembro partem para uma segunda zona de invernada, mais a Este, perto das costas da Tanzânia, Quénia e Moçambique”, explicou, em comunicado, Ana Bermejo, uma das responsáveis pelo programa Migra.

Em Fevereiro começa a viagem de regresso à Península Ibérica, atravessando África, o golfo da Guiné e o deserto do Saara. Chegam a Espanha em Maio, depois de 11.000 quilómetros percorridos em três meses.

Segundo a SEO/Birdlife, este ano vão continuar a marcar mais aves com geolocalizadores, que pesam 0,6 gramas.

“É muito importante conhecer as rotas migratórias e os lugares de invernada em África para, na medida do possível, acabar” com as ameaças a estas aves, como a destruição dos habitats, a caça ilegal, o veneno e as linhas eléctricas, defende esta organização.

Actualmente, o programa Migra tem 783 aves marcadas de 32 espécies diferentes.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais. 

Conheça as três espécies de andorinhões que ocorrem em Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.