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A migração das libélulas

Muitos animais escolhem o Outono para viajar. Uns migram para passar o Inverno em lugares mais amenos. Outros para encontrar locais para se reproduzir. Como é o caso destas libélulas.

A tira-olhos-menor (Anax parthenope) e a libélula-de-nervuras-vermelhas (Sympetrum fonscolombii) estão em plena migração em direcção a Norte. Por estes dias, milhares destes elegantes e coloridos insectos voam silenciosamente numa vaga migratória.

Acompanhámos parte do seu percurso ao longo do rio Tejo, em Lisboa. Seguimos na mesma direcção, com libélulas a voar ao nosso lado e por cima das nossas cabeças.

Estas libélulas começaram a voar há cerca de dois, três meses, explica Albano Soares, especialista do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal nestes insectos. “Passaram esse período em clareiras de bosques, nos campos e nas serras. À medida que crescem, vão-se aproximar de zonas com água, vitais como sítios para se reproduzirem e colocarem os seus ovos.” Depois de cumprida esta tarefa, o ciclo de vida termina para estes adultos.

Estas migrações, “para maximizar o sucesso reprodutivo”, podem ser mais ou menos visíveis para nós. “Há anos em que conseguimos notar mais facilmente estas migrações, porque se concentram mais”, explicou Albano Soares. “Em 2015 isto aconteceu na primeira semana de Novembro”; este ano acontece um pouco mais cedo.

 

Libélula no Parque das Nações. Foto: Wilder
Libélula no Parque das Nações. Foto: Wilder

 

Ainda não se sabe exactamente para onde vão estas libélulas. “Não sabemos se vão para o Porto, para a Galiza ou ainda mais para Norte”.

Aquilo que se sabe é que as libélulas optam por migrar por zonas com poucos obstáculos, como zonas de litoral, praias, margens de rios ou pela zona raiana menos montanhosa.

“Estas espécies vão à procura de pontos de água para colocarem os ovos e têm mecanismos que lhes permitem identificar quais as zonas mais húmidas e quando haverá mais probabilidades de chuva”, acrescentou.

A tira-olhos-menor e a libélula-de-nervuras-vermelhas são duas das quatro espécies de libélulas que se reproduzem durante o Outono e não no Verão. Juntamente com a tira-olhos-outonal (Aeshna mixta) e libélula-comum (Sympetrum striolatum), estas espécies retardam a maturação sexual de forma a só aparecerem nos locais de reprodução no fim do Verão e Outono (chegando mesmo ao Inverno), época onde existe menos competição e melhor disponibilidade de habitat reprodutivo (charcas e lagos).

A migração outonal das libélulas é um dos espectáculos da natureza que merecem ser observados. Procure praias ou margens de rios e assista a esta fantástica viagem.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Descubra mais aqui sobre quais as espécies de libélulas que pode ver no Outono.

Pode participar na inventariação das espécies de libélulas e de outros insectos em Portugal, através da rede de Estações da Biodiversidade. Saiba mais aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.