Pedras nas margens de uma ribeira

Cinco ideias para descobrir a vida selvagem das ribeiras

As ribeiras e os pegos são verdadeiros refúgios para a vida selvagem, especialmente nos meses mais quentes. Natasha Silva, bióloga da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) a trabalhar no LIFE Saramugo, sugere cinco ideias para descobrir o mundo natural nas margens das ribeiras do Alentejo.

 

Aves, mamíferos, répteis, anfíbios e insectos. São muitas e variadas as espécies que procuram as ribeiras e os pegos para beber, encontrar alimento e refugiar-se.

“Neste momento, os pegos maiores, na maioria das ribeiras que temos visitado na bacia do Guadiana, ainda têm água suficiente para garantir a sobrevivência de muita vida aquática”, disse à Wilder Natasha Silva. Esta bióloga sabe do que fala porque há já várias semanas que vai à ribeira do Vascão ajudar a remover peixes exóticos invasores, num esforço para conservar o saramugo.

Mas, “comparativamente com os anos anteriores, a qualidade da água aparenta ser pior. Temos observado algas filamentosas na água, mais cedo na época e em maior quantidade. Tal poderá estar relacionado com uma menor quantidade de água disponível e as temperaturas elevadas”.

Para os organismos aquáticos, incluindo os peixes, a escassez de água significa muitas vezes a morte. “Nos casos de seca extrema, em que os pegos sequem, os organismos aquáticos acabam por não sobreviver. E mesmo quando os pegos não secam, a qualidade da água pode deteriorar-se de tal forma que provoca elevada mortalidade.”

Normalmente, “a vegetação ribeirinha aguenta estas situações extremas pois, através das raízes, consegue utilizar água disponível abaixo da superfície. Mas até esta água pode escassear e provocar mortalidade entre as plantas”.

 

Aqui ficam, então, cinco ideias para descobrir a vida selvagem nas margens das ribeiras:

 

1 – Observar e fotografar libelinhas e libélulas (odonata) para depois as identificar;

2 – Procurar pegadas e dejetos de mamíferos para tentar identificar a que espécie pertencem;

3 – Experimentar pesca recreativa de peixes exóticos;

4 – Identificar plantas que estejam nas margens;

5 – Contemplar a paisagem e passá-la para papel, desenhando-a e retratando-a sobre diferentes pontos de vista.

 

Para aguçar o apetite, pode começar por procurar estas 6 espécies:

  • Garça-cinzenta
  • Raposa
  • Cágado-mediterrânico
  • Cobra-de-água-viperina
  • Salamandra-de-costelas-salientes
  • Sapo-corredor

 

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Descubra aqui o que está a ser feito na ribeira do Vascão para conservar o saramugo, espécie Criticamente Em Perigo de Extinção.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.