Registadas 40 novas espécies no Jardim Botânico do Porto

Mais de 80 cidadãos naturalistas e biólogos varreram o Jardim Botânico do Porto à procura do maior número de espécies possível. A 2ª edição do BioBlitz, a 17 de Setembro, descobriu 40 espécies ainda desconhecidas para aquele local, foi hoje revelado.

 

Num só dia, 85 pessoas identificaram 132 espécies nos quatro hectares do Jardim Botânico do Porto, pólo do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto. Destas, 40 ainda não tinham sido encontradas naquele espaço: 20 são invertebrados e 20 são líquenes.

Os cidadãos naturalistas – desde 1 ano de idade até aos 65 – tiveram apenas hora e meia para cada grupo de espécies: aves, pequenos mamíferos terrestres, répteis e anfíbios, invertebrados, plantas e fungos. Quinze investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) e do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) ajudaram a encontrar e a identificar as espécies.

 

 

A lista das 132 espécies registadas tem 32 espécies de invertebrados. Estes “foram um dos grandes sucessos do dia, captando a atenção de todos, mas especialmente, das crianças”, disseram hoje os organizadores do evento à Wilder.

Vinte das 32 espécies de invertebrados são novas para este jardim urbano do Porto. Entre as espécies que ainda não tinham sido observadas ali estão 12 borboletas noturnas, três escaravelhos (dois dos quais joaninhas), duas vespas, uma mosca varejeira, uma libélula e um miriápode (Polyxenus lagurus). “O entusiasmo foi tal que as famílias que acompanharam o evento, sobretudo durante a tarde, regressaram ao jardim após o jantar para a sessão noturna, enfrentando frio e sono.”

 

 

Quanto aos líquenes, encontraram-se 30 espécies, 20 delas novas para o jardim. Ao final do dia, os mais novos olharam para as espécies de líquenes e briófitas que encontraram através de lupas, para as conhecer em maior detalhe.

“Devido à altura do ano, não foi possível encontrar muitas espécies de cogumelos, répteis e anfíbios, o que denuncia a necessidade de, numa próxima oportunidade, se otimizar a calendarização deste tipo de atividade”, explicam os organizadores.

O balanço, acrescentam, “foi francamente positivo pelo entusiasmo e elevada adesão do público”.

 

 

Um BioBlitz é um evento feito para encontrar e identificar o maior número de espécies possível numa área específica, num curto período de tempo. Num BioBlitz, cientistas e cidadãos trabalham lado a lado para ter uma ideia da quantidade de espécies de plantas, animais, fungos e outros organismos que vivem num local.

A primeira edição do BioBlitz no Jardim Botânico do Porto aconteceu em 2016 e teve 40 participantes  que fizeram o primeiro registo das plantas não vasculares do Jardim (como os musgos, por exemplo). Este ano o trabalho foi continuado. E ficou a vontade de repetir em 2018.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.