Foto: Anja Odenberg/Pixabay

Grande Vale do Côa é um dos protagonistas de nova série sobre regresso da vida selvagem

O regresso da vida selvagem à Europa, incluindo ao Grande Vale do Côa, vai chegar aos ecrãs com a nova série de seis documentários Europe’s New Wild, no canal NatGeo Wild.

 

A série, que estreia no início de Setembro, mostra o trabalho feito para ajudar a vida selvagem a reerguer-se, de forma espontânea ou com ajuda humana, em seis dos territórios em que a Rewilding Europe e as suas equipas locais operam.

Um desses territórios é o Grande Vale do Côa, área com cerca de 120.000 hectares que está a ser transformada num corredor de vida selvagem que liga a Serra da Malcata, a sul, ao Canhão Fluvial do Douro, mais a norte.

O trabalho para trazer de volta espécies como lobos, linces, veados, corços e abutres é coordenado pela Rewilding Portugal.

 

lobo ibérico

 

Este esforço conservacionista português poderá ser visto no episódio “The Missing Lynx” (“O Lince Perdido”, em Português).

A série é co-produzida entre a Rewilding Europe, a Off the Fence Productions e a Bonne Pioche e vai ser transmitida em mais de 45 idiomas e para um público alvo de 140 milhões de casas, segundo um comunicado da Rewilding Portugal enviado hoje à Wilder.

“Cada episódio conta uma história diferente, mas a série tem um tema unificador – o regresso da magnífica vida selvagem europeia, a natureza selvagem e o impacto positivo do rewilding”, disse Frans Schepers, director executivo da Rewilding Europe.

 

 

Muitas espécies selvagens têm vindo a regressar à Europa nas últimas cinco décadas. Tal deve-se, segundo a organização, à “protecção legal, às reintroduções e outras medidas de apoio às populações, restauro de habitats, criação de corredores e a uma aceitação social cada vez maior”.

Esse regresso passa agora para os ecrãs: os bisontes europeus que regressam aos Cárpatos, na Roménia; os grifos às montanhas da Bulgária ou os ursos-pardos à cordilheira dos Apeninos, em Itália, por exemplo.

“A maioria das pessoas não se apercebe de quão diversa e espectacular é a natureza da Europa, a sua vida selvagem e paisagens”, escreve a Rewilding Europe. “Mas mais do que mostrar isso, esta série revela quão resiliente é esta natureza e como pode regressar se lhe dermos uma oportunidade.”

 

Urso-pardo. Foto: Thomas Wilken/Pixabay

 

O episódio “The Missing Lynx”, passado no Grande Vale do Côa, será uma viagem a uma área do país onde vivem espécies únicas e onde o rewilding está a ajudar a vida selvagem a recuperar-se a si própria e revitalizar-se, neste momento com os projetos LIFE WolFlux e Promover a Renaturalização do Grande Vale do Côa, coordenados pela Rewilding Portugal e com a participação ativa dos parceiros Rewilding Europe, Zoo Logical, AT Natureza e Universidade de Aveiro

“O abandono de terras está a ser transformado numa oportunidade para ajudar a natureza a recuperar e revitalizar a área, e também a servir de apoio a empreendimentos que sigam a filosofia de rewilding e que oferecem turismo baseado na natureza”, explica o comunicado.

Os grandes herbívoros e o pastoreio natural que podem fazer é um dos pontos centrais deste episódio, “já que é um processo fundamental que facilita o regresso de espécies e atua como forma de ajudar a prevenir incêndios florestais”.

O episódio estreia em Portugal a 5 de Setembro, pelas 18h00 no canal NatGeo Wild.

 

Imagem do episódio “The Missing Lynx”. Foto: Rewilding Europe

 

Os outros episódios são “Return of the titans” (Roménia), “Saving Europe’s bears” (Itália, Croácia, Grécia), “Europe’s Amazon” (Delta do Danúbio), “The Scavengers return” (Bulgária e Grécia) e “Land of Snow and Ice” (Lapónia, Suécia).

A Rewilding Europe – Making Europe a Wilder Place, formada em 2011, é uma organização não governamental com sede na Holanda que trabalha com oito áreas rewilding em vários países da Europa, incluindo Portugal, Croácia, Roménia, Alemanha, Polónia e Suécia. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.