Chapim-real. Foto:

Novo livro ajuda a conhecer as aves do Jardim Gulbenkian

João E. Rabaça percorreu regularmente o Jardim Gulbenkian, em Lisboa, de olhos e ouvidos bem atentos às aves que ali ocorrem, durante 18 meses, entre Junho de 2012 e Setembro de 2013. Destes passeios de observação e de algumas sessões de anilhagem, nasceu o registo de 41 espécies de aves e este livro “As Aves do Jardim Gulbenkian”, lançado a 20 de Dezembro.

 

“Apesar de o jardim da Fundação Gulbenkian albergar uma avifauna diversificada como resultado do seu processo construtivo, não existia até agora qualquer informação disponível que pudesse orientar os visitantes interessados em conhecer as aves que ocorrem naquele lugar privilegiado de Lisboa, ao longo de um ciclo anual”, explicou à Wilder o autor, que é também biólogo e professor na Universidade de Évora, onde coordena o Laboratório de Ornitologia.

As 160 páginas do livro incluem a descrição, algumas curiosidades e também imagens das aves registadas por este ornitólogo no “lugar único” que considera ser o Jardim Gulbenkian, onde ao longo de todo o ano é possível encontrar “um número relativamente elevado de espécies se tivermos em conta que o Jardim tem pouco mais do que sete hectares”.

Entre todas estas aves, aquelas que mais surpreenderam o autor “foram sem dúvida alguns migradores de passagem como o torcicolo, uma ave da família dos pica-paus, e o rouxinol-pequeno-dos-caniços”. Esta última espécie só foi detectada, aliás, durante a primeira sessão de anilhagem de aves que este professor universitário realizou no Jardim Gulbenkian, em Setembro de 2013.

 

Uma alvéola-branca, presença habitual no Inverno
Uma alvéola-branca, presença habitual no Inverno. Foto: Diogo Oliveira

 

“Os migradores de passagem, como o nome sugere, correspondem a espécies que cruzam os nossos territórios durante o seu trânsito migratório com destino a África, onde permanecerão durante a estação fria”, nota João E. Rabaça. Um desses casos é o papa-moscas-preto, que “em Setembro chega por vezes a ser uma das aves mais comuns” neste espaço verde lisboeta.

O papa-moscas-preto é também a ave de Setembro noutra parte do livro, onde se descreve um ciclo anual da avifauna no Jardim Gulbenkian, com sugestões de uma espécie para cada mês. Para Dezembro, por exemplo, a estrela é o pisco-de-peito-ruivo; já em Janeiro, é a trepadeira-comum.

Para leitores interessados em aprofundar os conhecimentos de ornitologia, o livro fornece também algumas informações adicionais sobre o mundo das aves e pistas para observações mais eficazes, incluindo sugestões para a compra de bons materiais e de livros e locais de consulta na Internet. E ainda algumas páginas para quem gosta de tirar notas.

“Há um interesse crescente por parte da sociedade sobre questões relacionadas com o ambiente”, nota João E. Rabaça, para quem as aves são “um modelo privilegiado para transmitirmos a diferentes públicos o gosto pelas ciências naturais e a importância dos serviços dos ecossistemas para o nosso bem-estar”. “E mesmo em meios urbanos é possível transmitir e consolidar estas mensagens”, sublinha.

 

AS AVES DO JARDIM GULBENKIAN

Por João E. Rabaça

Fotografia: Diogo Oliveira

Fundação Calouste Gulbenkian

Preço: 12,50 euros

 

 

 

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

A Wilder pediu a João E. Rabaça para propor algumas das espécies que os visitantes do Jardim Gulbenkian podem encontrar nesta altura do ano:

“Qualquer visitante atento notará a presença do melro-preto, seja nos relvados ou numa árvore sobranceira. Para além dos patos-reais (que não devemos alimentar) e da galinha-d’água, poderá, por exemplo, escutar as pequenas carriças, ver as alvéolas-cinzentas com a suas caudas compridas e as toutinegras-de-barrete. E pode ainda ter a sorte de registar a presença do pica-pau-malhado-grande ou do colorido guarda-rios.”

Se desejar conhecer mais sobre a divulgação das aves do Jardim, pode ainda ler o artigo que a Wilder escreveu sobre os projectos “Um mês… uma ave” e “Outro mês… outra ave”. E aqui, conheça cinco livros portugueses sobre natureza que vale a pena comprar neste Natal.

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.