ramos de um arbusto

Onde ver o Outono: oito sugestões para descobrir o Paul de Tornada

O Outono é uma época maravilhosa para passear na Reserva Natural Local do Paul de Tornada, nas Caldas da Rainha. Quem o diz é a equipa do Centro Ecológico Educativo do Paul, que lhe faz oito sugestões do que não deve perder.

 

A profusão de seres vivos e as cores tornam a Reserva Natural Local do Paul de Tornada paragem obrigatória para quem quer admirar o Outono. Esta zona húmida, classificada como sítio Ramsar, tem cerca de 45 hectares, 25 dos quais permanentemente alagados.

Eis o que não deve perder durante uma visita no Outono:

 

Observar o Paul do ponto mais alto do Centro:  pode começar a sua visita no centro de interpretação da reserva. Peça aos monitores do GEOTA e da Associação PATO para observar o paul através do telescópio no ponto mais alto do Centro e deslumbre-se com a paisagem.

Procurar aves invernantes: descubra as aves que estão a chegar ao Paul. Pode começar por estas: corvos-marinhos-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo), patos-trombeteiros (Anas clypeata), marrequinhas-comuns (Anas crecca), frisadas (Anas strepera), águias-pesqueiras (Pandion haliaetus) e as estrelinhas-reais (Regulus ignicapilla).

 

Mergulhão no paul de tornada. Foto: Zé Caldinhas

 

Descobrir cogumelos e vestígios: percorra o trilho pedonal circular, com cerca de 4km, e descubra as inúmeras variedades de cogumelos que ali crescem e as marcas de actividades dos seres vivos do Paul, como fezes e pegadas de mamíferos, penas multicolores, pequenos grandes buracos no solo, sons, exoesqueletos, etc.

Identificar as espécies que vivem no paul: é sempre interessante ter consciência dos ritmos quotidianos dos seres vivos residentes no paul, como o caimão, o tartaranhão ruivo dos pauis, os patos reais, as garças cinzentas, os galeirões, o açor, o milhafre negro, a águia de asa redonda, a águia calçada, os mergulhões pequenos, os guarda-rios e a felosa (que imita uma cigarra).

 

Caimão. Foto: Zé Caldinhas

 

Assistir à pernoita das aves: o final do dia é um momento de grande agitação, quando as aves se preparam para descansar. Esteja particularmente atento à pernoita de dezenas de corvos marinhos de faces brancas (Phalacrocorax carbo) e garças brancas pequenas, (Egressa garzetta) nas árvores dos espelhos de água e aos bandos de dezenas ou mesmo centenas de estorninhos-pretos (Sturnus unicolor), que realizam voos artísticos, em que se separam e se juntam harmoniosamente.

Procurar a lontra: a lontra europeia (Lutra lutra) é uma das dezenas de espécies de mamíferos que vivem no Paul de Tornada. É o símbolo da Reserva Natural Local do Paul de Tornada e observar este belo animal é um momento inesquecível para quem gosta da Natureza. Há muitos outros mamíferos, que poderá tentar ver, como a raposa, o texugo, a doninha, o saca-rabos, a fuinha, pequenos ratinhos, musaranhos, toupeiras, o toirão, a gineta e morcegos.

Admirar a vegetação ribeirinha: a vegetação das valas de drenagem que, em alguns locais formam uma densa galeria ripícola, são sem dúvida um ponto a não perder. Estas plantas têm adaptações formidáveis aos terrenos muito húmidos e mesmo a encharcamentos periódicos. Procure salgueiros (Salix sp.), o lírio-amarelo-dos-pântanos (Iris pseudacorus), a tabúa-estreita (Typha angustifolia), a tabúa-larga (Typha latifolia), o caniço (Phragmites australis), o freixo (Fraxinus sp.), o bunho (Scirpus holoschoenus), o nenúfar-branco (Nymphaea alba) e a tamargueira (Tamarix africana).

 

Cágados mediterrânicos no Paul de Tornada. Foto: Zé Caldinhas

 

E por fim, mas não menos importante, os cágados: até ao final de Outubro é possível observar nas margens do paul o cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) e o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis). Diurnos, estes cágados aquecem-se na borda das massas de água com os primeiros raios de sol e fazem-no durante uma grande parte do dia. Quando ficam demasiado quentes entram para a água ou procuram um lugar à sombra.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Inicie o seu dia com uma caminhada no Paul de Tornada, com direito a guia e binóculos. As caminhadas acontecem todas as terças-feiras de Outubro e Novembro, das 10h00 às 12h00.

Preço:
3€ – Adultos | 1,50€ – Crianças, jovens e seniores (+65 anos) | Livre até aos 6 anos de idade

Inscrição prévia até às 17h00 do dia anterior (Segunda-feira).

Formulário de inscrição: https://goo.gl/forms/YM24L9ynMmZLond42

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Descubra aqui o que pode ver no Outono neste bosque de carvalhos na Serra da Estrela.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.