Quando e onde ver priolos em Portugal

Graças aos esforços conservacionistas, hoje já é mais fácil observar priolos, aves rechonchudas de barrete preto que vivem na floresta sempre verde da ilha açoriana de São Miguel. Aqui ficam algumas sugestões para não as perder de vista.

 

Quando: Os meses de Junho a Setembro são os melhores para observar priolos (Pyrrhula murina). Nesta altura do ano, os priolos estão em período de reprodução e são mais visíveis na floresta junto à estrada. Constroem os seus ninhos no topo das árvores, procuram parceiros e os machos oferecem pequenas “prendas” às fêmeas para as impressionar. Como comida, por exemplo. Estas informações são dadas no Centro Ambiental do Priolo.

 

Priolo (Pyrrhula murina). Foto: mark Putney/Wiki Commons

 

Onde: A única população de priolo do mundo vive num cantinho montanhoso da ilha de São Miguel, nos concelhos do Nordeste e da Povoação. Em 2003 restavam apenas 400 aves. Este ano foram contadas 970. O que aumenta as hipóteses de observações. O melhor local para observar priolos fica a três quilómetros do Centro Ambiental do Priolo, numa determinada zona da Serra da Tronqueira. Pode ir até lá a pé ou de carro.

São difíceis de ver? Ana Mendonça, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), do Centro Ambiental do Priolo, disse anteriormente à Wilder que “hoje em dia é cada vez mais fácil ver priolos, resultado do esforço de conservação desenvolvido para o aumento da sua população e existem já guias especializados para o efeito”. “Quem chega ao Centro recebe informação de base sobre a espécie, especificamente qual a melhor altura do ano, que comportamentos tem e quais os melhores locais para a observar.

A conservação do priolo, que conta com a parceria do Governo Regional dos Açores, começou em 2003, numa altura em que a espécie estava classificada como Criticamente Ameaçada de extinção por causa da falta de alimento. A floresta Laurissilva estava a recuar e as espécies exóticas ganhavam terreno. Em 2010 passou a ser “apenas” uma espécie Em Perigo, graças aos projectos de melhoria do seu habitat.

Actualmente está a decorrer o terceiro projecto de conservação da ave – LIFE Terras do Priolo -, que termina em 2018. Depois, nada está garantido.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.