Floresta Amazónica. Foto: Rosa Maria/Pixabay

Cientistas descobrem árvores gigantes na Amazónia

Uma equipa de investigadores localizou um grupo de árvores gigantes escondidas no meio da selva. A mais alta mede o mesmo que uma torre de 27 andares.

Numa expedição guiada por indígenas, um grupo de cientistas encontrou as árvores mais altas descobertas até hoje na selva da Amazónia, num recanto escondido do estado do Pará. A mais alta tinha 82 metros, equivalente a 27 andares de altura.

Liderados por um engenheiro florestal de 36 anos, Eric Gorgens, chegaram ao pé de cerca de 15 árvores, todas elas com mais de 70 metros, depois de fazerem o percurso a pé e de barco, conta o El Pais.

“Não existiam provas de que na Amazónia houvesse árvores gigantes, no máximo tinham 60 metros. Mas encontrámos exemplares com 82 metros, 74, 72… E isso acende uma luz para a ciência”, explicou ao jornal espanhol Eric Gorgens, professor e investigador na Universidade Federal dos vales de Jequitinhonha e Mucuri, citado pelo jornal espanhol.

Todas estas árvores eram da espécie Dinizia excelsa. A equipa retirou material genético dos exemplares encontrados, mas não chegou a ter tempo para encontrar a árvore mais alta de que há indícios, que terá 88,5 metros.

Os resultados desta expedição, que demorou 10 dias em Agosto passado, foram agora publicados na revista Frontiers in Ecology.

“Foi uma viagem muito difícil porque é uma região completamente isolada”, descreveu Eric Gorgens, autor principal do artigo. Guiados por alguns membros da comunidade local de São Francisco de Iratapuru, tiveram de subir o rio Jarí ao longo de cinco dias e caminhar outros dois.

Nesta viagem, participaram cientistas de várias universidades brasileiras, de Cambridge e de Oxford, bombeiros e ainda jornalistas do canal de televisão Globo.

Como ficaram sem qualquer comunicação com o exterior, durante os dias em que estiveram no meio da sela, foi uma surpresa completa quando regressaram e descobriram que uma parte importante da Amazónia estava em chamas.

Os cientistas souberam da existência deste “santuário” de árvores gigantes por acaso, porque estavam a fazer análises com um medidor a ‘laser’ agarrado a um Cessna que sobrevoava a Amazónia. O objectivo desse estudo era calcular qual é a biomassa da Amazónia, ou seja, quanto pesa a vegetação, uma informação crucial para determinar quanto carbono é ali absorvido.

Quando perceberam que naquela região do Pará havia uma grande concentração de árvores muito altas, decidiram investigar.

“Uma árvore gigante pode acumular tanto carbono como 500 árvores normais”, disse Gorgens, ao El Pais, para explicar a importância da nova descoberta. Agora, os investigadores querem perceber o que possibilitou o aparecimento destas árvores, o que acreditam que tenha sido a distância dos humanos e o facto de se tratar de uma área legalmente protegida.

Os cientistas querem voltar ao mesmo sítio, em busca do exemplar mais alto, que seria um recorde na Amazónia. A árvore mais alta do mundo é uma sequóia nos Estados Unidos, com um comprimento de 115,7 metros, o que equivale a 38 andares de altura.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.