Escócia vai reintroduzir na natureza 28 castores

A população de castores europeus da Escócia vai ser reforçada com 28 animais, libertados nos próximos três anos, revelou hoje o Scottish Wildlife Trust e a Royal Zoological Society of Scotland (RZSS).

 

O reforço populacional desta espécie (Castor fiber) vai acontecer na Floresta Knapdale, depois de aquelas duas organizações terem recebido uma licença do Scottish Natural Heritage para avançar com o projecto.

 

Castor. Foto: Tomasz Chmielewski/Wiki Commons

 

Os castores virão de vários locais e, depois de exames para saber se estão de boa saúde, serão libertados naquela floresta, em terrenos geridos pela Forest Enterprise Scotland. “A ideia do projecto é dar à pequena população de castores de Knapdale a melhor hipótese de sobrevivência a longo prazo e aumentar a diversidade genética da população”, explica a RZSS em comunicado.

Tudo começou em Abril de 2009 com um projecto piloto que libertou em Knapdale um pequeno número de castores vindos da Noruega. “Era um grupo reduzido para garantir que seríamos capazes de monitorizar de perto o seu progresso”, explicou Sarah Robinson, coordenadora dos programas de conservação e investigação da RZSS.

 

 

Mas, acrescentou, essa pequena população está em risco de desaparecer sem uma intervenção urgente.

A 24 de Novembro de 2016, o Governo escocês anunciou que os castores poderiam permanecer no território e expandir-se naturalmente em Knapdale e Tayside. Esta foi a primeira reintrodução com sucesso de mamíferos selvagens no Reino Unido.

“Agora que se decidiu que eles podiam ficar, temos o dever de reforçar a população e garantir que têm uma hipótese para construir as suas casas numa área maior”, considerou a responsável.

Para Susan Davies, directora de Conservação no Scottish Wildlife Trust, “reforçar a população de Knapdale é um entusiasmante passo em frente no futuro dos castores na Escócia”.

Os castores são engenheiros naturais com uma capacidade única de criar novos habitats de zonas húmidas. O seu “trabalho” pode beneficiar outras espécies de vida selvagem, como as lontras, os ratos dos lameiros, as libélulas e várias plantas.

“Os lagos e charcos criados por detrás das barragens erguidas pelos castores também ajudam a melhorar a qualidade da água e a regular as inundações”, lembrou Susan Davies. “O seu regresso à Escócia tem um enorme potencial de aumentar a nossa indústria do turismo de vida selvagem, já em crescimento.”

Em Fevereiro do ano passado, cientistas da Universidade de Stirling concluíram que os castores estão a ajudar a recuperar rios e a travar picos de cheia.

Os castores eram nativos na Escócia até serem caçados até à extinção no século XVI. Em Portugal, os castores tiveram um fim semelhante, entre os séculos XV e XVI, caçados pela sua pele, carne e secreções glandulares.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.